O
Nirvana que pouca gente viu
Muita gente sabe da importância do Nirvana para o rock.
Mesmo os que não são fãs do estilo sabem que existiu um tal Kurt Cobain, que
tinha uma expressão um tanto quanto depressiva e que tirou a própria vida há
quase 15 anos.
Até mais ou menos o final de 1993, eu apenas havia ouvido
falar do Nirvana. Nunca havia escutado uma música sequer. Mas bastou um amigo pegar
um cd emprestado, e gravá-lo numa fita cassete (!!!!!) para que a coisa se
tornasse séria.
Em pouco tempo esse mesmo amigo adquiriu toda a discografia
da banda (três CDs que eu continuei gravando em fitas cassete) que nós passamos
a ouvir sem parar. Poucos meses depois, ainda no início da nossa “devoção” pelo
grupo de Seattle, veio a notícia: Kurt havia se suicidado.
Mas nada mudou. Continuamos ouvindo Nirvana (entre outras
bandas de sucesso na época como Pearl Jam e Ugly Kid Joe). Mas faltava algo.
Eram raras as oportunidades de vermos as performances ao vivo da banda, mesmo
que pela TV. Quando isso acontecia, corríamos para registrar as imagens através
do videocassete (!!!!!!!!!!!!). A MTV
transmitiu à exaustão a apresentação do acústico por ela produzido, e lançado
após a morte de Kurt. Apesar de fantástico, aquele não era exatamente o Nirvana
que havíamos aprendido a curtir.
Vale lembrar que, no início dos anos 90, não havia You Tube.
Aliás, mal havia internet no Brasil! Portanto, não havia a facilidade de
encontramos os mais variados vídeos de shows pelos quatro cantos do mundo que
temos hoje em dia. Pior ainda. Quando o Nirvana veio ao Brasil, em janeiro de
93, nós éramos apenas garotos de 14, 15 anos que ainda nem eram fãs da banda e
que jamais encarariam a maratona de um megashow em um estádio de futebol.
Mas hoje tudo mudou. Além da internet, agora temos o DVD.
Hoje podemos desfrutar de shows completos das nossas bandas favoritas e com uma
imagem de alta qualidade. E foi assim que finalmente tivemos acesso a um show
completo de Cobain e seus comparsas. Demorou um bocado. Após longas batalhas na
justiça pelo espólio do grupo travadas entre seus ex-membros e a viúva de Kurt,
começaram a ser lançados os materiais até então inéditos.
“Nirvana Live at Reading” é um dois mais relevantes desses
lançamentos. Chegou por aqui em novembro de 2009. O show, como o título já
indica, foi registrado no Reading Festival, na Inglaterra, no dia 30 de agosto
de 1992. A performance marcou aquele momento como o auge do grupo que foi um
dos pilares do chamado movimento grunge, surgido na década de 90 nos Estados
Unidos. Simultaneamente ao DVD, foi lançado um cd com apenas uma faixa a menos
que o vídeo.
Mas valeu a espera. “Live at Reading” dá uma boa noção de
como eram as apresentações do Nirvana. Pouca conversa, mas muito vigor no
palco. Incrível como apenas três músicos eram capazes de produzir um som tão
energético e contagiante. Além de Cobain, no vocal e na guitarra, Dave Grohl
(sim...o líder do Foo Fighters), na
bateria, e Krist Novoselic, no baixo, completavam a formação do grupo.
O repertório não deixou nada a desejar. Àquela altura, o terceiro
álbum, “In Utero”, ainda não havia sido
lançado. Por isso talvez possamos sentir falta de clássicos como “Heart Shaped
Box” ou “Serve the Servants”. Mas o setlist contou com todas as faixas do
lendário álbum “Nevermind”, várias músicas do cd de estréia, “Bleach”, alguns
lados B e mais a canção “The Money Will Roll Right In”, cover da banda Fang.
Esse DVD é uma ótima chance para quem quiser conhecer melhor
o Nirvana. Mas, acima de tudo, é a chance que trintões como este que vos
escreve esperaram por tanto tempo. É um show para se assistir num estado
contemplativo. Um item de colecionador para guardar e se lembrar sempre
quisermos daquela que, concordem ou não, é uma das maiores bandas de rock que o
mundo já viu.
Não sabia que eles tinham tocado no Reading Festival... Mesma produção do Leeds festival que fui esse ano só pra ver o Foo Fighters tocar, então ao ler seu texto tentei voltar ao tempo na minha cabeça e fiz uma mescla entre 20 anos atras e dois meses atras e acho que o resultado deve ter sido demais, portanto, vou assistir esse video! Adorei o clima do festival inglês, quero ir sempre! Parabéns novamente pelo ótimo texto!
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