quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Enjoy Incubus


Incubus: nunca é tarde para conhecer uma ótima banda



Este texto não se trata de nenhum CD que acabou de ser lançado, de nenhum show que eu tenha ido recentemente ou de algum artista que esteja despontando atualmente no cenário musical. Resolvi usar este post para falar sobre uma banda que gosto muito, mas que é menos conhecida pelo público do que eu imaginava. Portanto, para quem nunca ouviu, essa é a chance de saber um pouco mais sobre o Incubus.

O grupo foi formado no início dos anos 90 na cidade californiana de Calabasas. Os adolescentes Brandon Boyd (vocal), Mike Einziger (guitarra), Jose Pasillas (bateria) e Alex Katunich (baixo) se juntaram para tocar covers de bandas de metal das quais eram fãs. Como toda banda formada por moleques empolgados e cheios de sonhos, o Incubus tocava onde fosse preciso e em qualquer oportunidade que surgisse. Foi assim que eles alcançaram certa popularidade na região onde viviam. Essa persistência e o contato de Mike com uma professora de música influente no meio artístico que, em 1995, fez com que o os  garotos conseguissem a chance de gravar seu primeiro cd, ainda que através uma gravadora independente, intitulado “Fungus Amungus”. O primeiro trabalho já contou com a presença do DJ Lyfe como membro oficial. Era o complemento ideal para o som dos caras que variava de forma muito competente entre o metal, o rap e o funk.

A partir daí as coisas começaram a caminhar cada vez melhor. Dois anos depois do primeiro registro de estúdio o Incubus assinou com uma grande gravadora e lançou o álbum “S.C.I.E.N.C.E.”, que é considerado como a verdadeira estreia da banda. Após este lançamento veio o reconhecimento nacional e até internacional, já que aqueles jovens que, até pouco tempo, mal saiam da California, passaram a fazer turnês mais extensas, participar de festivais, além de ganhar o recurso que mais gerava popularidade nos anos 90: um videoclipe em alta rotação na MTV. Aliás, foi o primeiro feito pela banda. A faixa escolhida foi “A Certain Shade Of Green”.

Neste início de carreira, como ocorre com todos artistas novos, a mídia especializada precisava enquadrar o Incubus em alguma categoria. Do meio para o fim dos anos 90, a grande tendência do rock era o “Nu Metal”. O estilo era uma fusão das guitarras ultra pesadas do metal tradicional com vocais de rap intercalados por refrões melódicos. Uma onda de bandas surgiu na esteira do sucesso de Korn, Deftones e Limp Bizkit, os três maiores destaques do gênero. O grupo até se encaixava neste modelo, mas no disco seguinte mostraria que era mais do que isso.

Em 99, o Incubus lançou o álbum “Make Yourself”. Eles ainda poderiam ser considerados uma banda de “Nu Metal”, mas seus horizontes claramente haviam se ampliado. Se o primeiro single, “Pardon Me”, musicalmente não foi uma surpresa, baladas como “Stellar” e, principalmente, “Drive”, levaram o grupo ao topo das paradas. Esses hits podem ter sido os responsáveis por levar o CD a vender cerca de dois milhões de cópias apenas nos Estados Unidos, mas o disco todo é excelente. Isso pode ser notado em outras excelentes canções como “The Warmth” e “Nowhere Fast”. Vale lembrar que foi nessa época a primeira alteração na formação do grupo. O DJ Lyfe deu lugar ao DJ Kilmore. 




Mais dois anos se passaram e o sucesso do Incubus não só se manteve como aumentou após o lançamento de “Morning View”. O disco superou a quantidade de cópias vendidas de seu antecessor com singles de grande sucesso como “Nice to Know You”, “Warning” e, claro, “Wish You Were Here”, provavelmente a música mais conhecida do grupo até hoje. Para compor e gravar este álbum os integrantes da banda se mudaram para uma mansão em Malibu. O clima era o mais tranquilo possível. Só pela capa do CD já dá pra perceber isso. Em função deste ambiente os caras se aproximaram mais das baladas, mas não com o objetivo de se tornarem mais palatáveis para o mundo pop. Pesadas ou lentas, todas as faixas de “Morning View” possuem arranjos de extrema qualidade e foram devidamente “polidas” pelo produtor Scott Litt, que tinha em seu currículo nada menos que uma participação fundamental na produção do disco “In Utero”, do Nirvana. 

Mas quando o sucesso é grande demais, é quase impossível que tudo permaneça um mar de rosas por muito tempo. Isso talvez seja uma maldição para qualquer banda. No fim de 2002, devido a “diferenças pessoais” com o resto do grupo, o baixista Alex Katunich resolveu seguir seu próprio caminho. Fofocas do mundo do rock deram conta que pequenas coisas como o exagerado bom humor matinal do vocalista Brandon Boyd foi um dos fatores que contribuíram para que um dos principais compositores do Incubus tomasse a difícil decisão de pular fora. Vai entender...

Para o lugar de Alex o escolhido foi Ben Kenney, um multi instrumentista cujo ponto alto da carreira havia sido uma passagem destacada pelo grande grupo de rap The Roots. Após sua entrada, o Incubus lançou dois bons CDs, “A Crow Left Of The Murder”, em 2004, e “Light Grenades”, em 2006. Nenhum dele, porém, chegou perto do sucesso atingido alguns anos antes.

Mesmo assim, a banda conseguiu manter sua base de fãs. Inclusive aqui no Brasil. Em 2007 eles pintaram por aqui pela primeira vez para apresentações lotadas em São Paulo e Rio de Janeiro. Eu tive a felicidade de ver o primeiro show em São Paulo e posso garantir que saí muito satisfeito. A performance do Incubus ao vivo é muito competente. Muita energia em cima do palco, músicos tecnicamente muito bons e um vocal impecável de Brandon. Um dos melhores shows que já fui.

Após a turnê do álbum “Light Grenades” o grupo resolveu tirar um merecido descanso. Afinal, foram dez anos de trabalho praticamente ininterruptos. O esperado retorno se deu no ano passado com o lançamento de “If Not Now, When?”. Querem minha opinião sincera? Me decepcionei. Musicalmente falando o disco não é ruim, mas deixou a desejar no que diz respeito à “pegada” das músicas. Como já disse aqui, o Incubus sempre compôs baladas muito boas, mas ao mesmo tempo incluíam faixas bem pesadas para dar um equilíbrio ideal a cada disco. Canções como “Adolescents” e “Promises” são boas, mas não empolgam tanto. Uma pena.

Por outro lado, o Incubus continua mandando bem ao vivo. A banda fez sua segunda visita ao Brasil em 2010 para tocar na primeira edição do festival SWU. Mais uma vez fizeram um ótimo show. Desta vez, porém, eu não estava presente.



Em resumo, posso afirmar sem medo de errar que o Incubus é uma banda única. Seus integrantes sempre procuraram achar um estilo próprio, mas sem perder a identidade. A honestidade na hora de compor cada canção fez com que agradassem fãs de rock, pop, além das garotas que se derretem pelo estilo “surfista, largadão com um lado romântico” do frontman Brandon Boyd. Fazer o que, né? 

Torço para que o Incubus ainda tenha vida longa, criativa e cheia de gás como foi na maior parte de sua história. Fica aqui minha dica para quem ainda não conhece. Quem conhece, sabe muito bem o que eu quero dizer.


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