Lil Wayne: o pequeno gigante do hip
hop
Em sua origem, lá no final dos anos 70, a temática principal do hip hop
(movimento que engloba o rap, a grafitagem e o break dance) era basicamente a
diversão. As letras falavam de festas, garotas, etc. As letras de contestação
também existiam em menor quantidade e foram se tornando cada vez mais
frequentes durante a afirmação do movimento nos anos 80.
No final deste período e no início da década seguinte surgiu o “gangsta
rap”. Estilo cujos representantes e sua letras possuíam uma abordagem bastante
agressiva. Falavam de armas, drogas e provocações entre gangues. Era o retrato
de grande parte dos jovens americanos afrodescendentes que viviam nos subúrbios
do país, principlamente em Los Angeles.
Com o passar do tempo acabou ocorrendo uma mistura destes dois estilos.
O rap começou a dar muito dinheiro aos seus artistas e assim o gangsta rap se
misturou com o rap festivo. Ou seja,
vários rappers começaram a falar, de uma vez só, sobre mulheres, festas,
dinheiro, drogas e armas. Surgia aí o termo “bling-bling”. Esse termo vem dos caras que fazem pose de
malandro (e algumas vezes eles realmente são mais do que malandros), totalmente
ornamentados com correntes, relógios e pulseiras de ouro e brilhantes. Até nos
dentes desses caras as jóias chegaram através do “grill”, que é uma espécie de
dentadura cravejada de pedras preciosas. Meio absurdo, não? E é exatamente
nesse contexto que se encaixa o personagem principal desse texto: Lil Wayne.
Dwyane Michael Carter Jr., o nome
verdadeiro de Lil Wayne, nasceu no dia 27 de setembro de 1982, na cidade de New
Orleans, estado da Lousiana. O apelido, um diminutivo da palavra “little”, veio
em função de sua altura pouco destacada (ele possui apenas 1,68 metro). Ainda
garoto, Wayne já mostrava seus dotes artísticos, tanto que, com apenas nove anos,
foi contratado pela gavadora Cash Money Records para formar com o também jovem
B. G. a dupla de hip hop The B.G.’z.
Em 1997, ainda na adolescência, Lil Wayne ingressou em um grupo chamado
Hot Boys. O sucesso começava a fazer parte da vida do rapaz. Rapidamente o jovem rapper se destacou entre
seus parceiros e gravou seu primeiro álbum solo “Tha Block Is Hot”.
A essa altura, Wayne já vivenciava os problemas comuns entra vários
artistas de gangsta rap. O abuso de bebida e outras drogas se tornava cada vez
mais constante na vida do rapper. Mas ao mesmo tempo a fama também aumentava.
Já fora dos Hot Boys, que tiveram suas atividades encerradas em 2001
(retornaram em 2007), Lil Wayne engatou durante os anos 2000 um álbum de
sucesso atrás do outro até chegar na sua obra prima, “The Carter III”, lançado
em 2008.
O disco contou com hits como “Lollipop”, “A Milli” e “Mrs. Officer” e,
até julho do ano passado, já havia vendido mais três milhões de cópias. A
produção de primeira linha teve feras como Kanye West (que surpresa...), Swizz
Beatz e Cool & Dre por trás de algumas das ótimas faixas do cd. A maior
prova da qualidade de “Tha Carter III” foi o prêmio de melhor álbum de rap na
51ª edição do Grammy Awards.
Mas paralelamente a brilhante carreira musical, o ultratatuado Lil Wayne
se envolveu com sérios problemas com a justiça. O cara foi preso em algumas
oportunidades por posse de substâncias proibidas e porte ilegal de arma de
fogo, que acabou sendo o delito pelo qual foi acusado e sentenciado em 2009 e
cumpriu pena em 2010. Pois é. Nada bonzinho o rapaz...
Apesar de toda a polêmica, Lil Wayne inegavelmente deve ser reconhecido
pelo seu talento. O cara tem as manhas de fazer rimas muito criativas e possui
um timbre de voz pra lá de peculiar. Quem ouvir uma de suas canções fatalmente
vai reconhecer aquela vozinha meio estranha em qualquer outra.
Para dar seuqência ao multiplatinado “Tha Carter III”, munido daquele
espírito megalomaníaco que toma conta de todo artista de rap que faz sucesso,
Wayne resolveu gravar um álbum com forte inspiração no rock intitulado
“Rebirth”. Apesar de ter sido bem sucedido em termos de vendas, o disco recebeu
críticas negativas e o baixinho teve que partir para a próxima empreitada. Para
isso, lançou mais dois álbuns: “I Am Not a Human Being” e “Tha Carter IV”.
O primeiro deles, inclusive, foi lançado
enquanto Wayne estava privado de sua liberdade.
Pelo lado bom e pelo lado negativo, Lil Wayne é, sem dúvida, uma das
maiores e mais comentadas estrelas do hip hop e da música como um todo. O cara
é muito “bombado” nos Estados Unidos. Concorreu a vários prêmios musicais, é
requisitado para fazer parcerias com artistas dos mais variados estilos, e
ainda sobra oportunidade de aparecer em um outdoor em plena Times Square, em
Nova Iorque.
Por tudo isso, o senhor Dwyane Carter até chega a ameaçar o reinado do
seu “parente”, Shawn Carter, muito mais conhecido, é claro, como Jay-Z. Não
sabemos se um dia ele será o maior, mas o pequeno rapper já é um gigante do hip
hop e ainda pode dar muito que falar. Eu apostaria nisso.
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