Trilogia do Green Day começa sem empolgar
Após lançar dois álbuns conceituais que mostraram evolução tanto em estúdio quanto em apresentações ao vivo, o trio californiano de pop punk Green Day resolveu voltar ao básico.
“American Idiot”, de 2004, foi uma surpresa pra muitos fãs da banda e para críticos musicais. O álbum tem vários bons momentos. A maioria deles é mais pop rock do que pop punk, mas é um bom disco.
Cinco anos depois veio “21st Century Breakdown”. Mais um trabalho estilo ópera rock. Na época do lançamento eu cheguei a comparar o Green Day com o The Clash pelo fato de não terem medo de ousar e ultrapassar a barreira às vezes restrita demais da estética punk. Também é um disco de qualidade, embora inferior ao seu antecessor.
Ao final desses dois ciclos de álbum novo e turnê mundial, o Green Day resolveu dar uma acalmada. De fato era necessário dar um tempo pra respirar. A banda havia se tornado ainda maior do que na época do seu primeiro disco de sucesso, “Dookie”, de 1994. Ganhou Grammys, lotou estádios e arenas por onde passou, enfim...foi uma grande odisseia.
Ao retornarem ao trabalho, o vocalista e guitarrista Billie Joe Armstrong e seus parceiros Mike Dirnt e Tré Cool começaram a compor cancões que, instintivamente, retomaram à direção que seguiram até o álbum “Warning” de 2000. Em entrevistas para revistas e sites de música, Billie Joe afirmava que as novas músicas soavam como um “power pop”. Ou seja, melodias pop sobre guitarras nervosas.
O ritmo de composição do Green Day seguia tão intenso, resultando numa quantidade tão grande de músicas, que os caras resolveram fazer algo parecido com o que o System of a Down fez em 2006, quando presentearam os fãs com um disco em cada semestre daquele ano. Mas eles resolveram ser ainda mais ousados. Decidiram lançar três discos em seis meses. Os álbuns foram intitulados “Uno”, “Dos” e “Tré”. Captaram a alusão ao nome do baterista? Tré Cool? Não é uma ideia que prima pela criatividade, mas valeu pelo bom humor.
O fato é que essa inciativa do Green Day tem se tornado cada vez mais incomum no meio musical. Normalmente o que as bandas fazem quando a produção rende muito e em boa qualidade é lançar um álbum duplo. Hoje em dia essa ideia caiu um pouco em desuso porque as pessoas sequer tem comprado um cd simples, quanto menos um duplo. Talvez dividir o trabalho em três partes possa ser mais suave para o bolso dos fãs e, ao mesmo tempo, os enche de novidades.
O cd “Uno” foi lançado agora em setembro (“Dos”e “Tré” serão lançados respectivamente em novembro e janeiro). Começa bem com a agitada “Nuclear Family”. Uma faixa típica do Green Day lá do final dos anos 90. Do mesmo nível que essa só “Let Yourself Go” e “Loss Of Control”. Já “Troublemaker” lembra Foxboro Hot Tubs (banda alterego do próprio Green Day que faz um rockabilly de primeira).
O restante do cd acaba pecando pela monotonia. O power pop prometido por Billie Joe está lá. Não houve espaço nem para baladas do tipo “Boulevard Of Broken Dreams”, mas o resultado final carece de criatividade. Talvez o único momento que o trio realmente tenta fugir do óbvio é quando eles dão uma de Franz Ferdinand com o rock dançante de “Kill The DJ”. Valeu a intenção, mas não deu muito certo.
Me chamou a atenção o fato de várias músicas terem solos de guitarra relativamente criativos e que dão um certo brilho a algumas faixas, mas isso não faz do álbum um trabalho potente e vigoroso como eu esperava.
Eu estava com saudade do Green Day antigo, menos meloso e mais incisivo, mas torço e espero que as faixas já prontas estejam em um nível superior a “Uno”. Ainda bem que não vai demorar muito pra descobrirmos. Novembro está logo ali.
Clique aqui e ouça álbum "Uno" na íntegra
Clique aqui e ouça álbum "Uno" na íntegra
Achei esse cd muito chato, levei 3 dias p/ escutar ele inteiro. Mas o blog esta muito legal.
ResponderExcluirGreen Day não empolga faz teeeeeeeeempo!
ResponderExcluirJura que o cd ta fraco?! Que pena... Gosto mto deles, vou ouvir pra ter minha opinião e te falo o que achei...
ResponderExcluirParabéns pelo blog! Vc eh o cara!!!
Bom, nunca fui grande fa do GD, mas acho American Idiot algo sensacional, no mesmo nível de The Wall ou Tommy ou Operation Mindcrime. Ópera rock classe A. E o que veio depois, 21st century breakdown, também nao fica atrás. Grande abraco
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