Eu sei que meus posts, via de regra, são
sobre bandas consideradas “veteranas”. Já recebi a dica de amigos meus pra que
eu fique mais antenado em algumas novidades para então escrever sobre e dividir
com possíveis leitores. Acredito que essa dica seja extremamente válida. Aliás,
eu fico, sim, antenado nas novidades. Dos últimos cinco ou seis anos pra cá, a
quantidade de artistas que eu conheci é bem grande. Estou me referindo a
artistas antigos, que eu nunca tinha ouvido falar ou parado para escutar, ou
de artistas que recém iniciaram suas carreiras.
Mas me desculpem aqueles que são ávidos
pela próxima grande novidade que está prestes a explodir no cenário musical.
Hoje, a caminho do trabalho, vim ouvindo Nine Inch Nails. Não resisti. Decidi
compartilhar com vocês um texto que escrevi sobre esta banda há uns três anos,
quando seu grande líder, cérebro e idealizador, Trent Reznor, anunciou uma
pausa sem data para teminar. Vejam no que deu.
Nine Inch Nails, 1989-2009. O fim da
banda de um homem só
Nascido em 1965 na cidade de Mercer,
próxima de Cleveland, nos Estados Unidos, Trent Reznor começou a tocar piano
aos cinco anos de idade e rapidamente decidiu que a música seria sua vida. Mas ao contrário da maioria dos adolescentes,
Reznor não tentou montar uma banda. Ele queria ser sua própria banda.
Apesar de ter chegado a tocar teclado na
banda Exotic Birds em 1987, o jovem músico queria mesmo era ter a liberdade de
trabalhar em suas próprias composições. Apenas dois anos mais tarde lançava o
primeiro álbum do projeto que ele deu o nome de Nine Inch Nails. “Pretty Hate
Machine” era uma coleção de demos totalmente produzidas por ele num estúdio
onde trabalhava como zelador.
A complexidade das músicas criadas por
Trent Reznor era tamanha que ele não conseguiu achar uma banda que reproduzisse
com um resultado fiel as gravações originais. Por isso acabou tocando todos os
instrumentos, exceto a bateria, que ficava a cargo de batidas pré-programadas.
Apenas a pós-produção do álbum teve o auxílio de um profissional de Londres.
Para quem não conhece, o som do Nine Inch Nails é chamado de Rock Industrial. A marca registrada da banda é uma verdadeira parede sonora composta de uma pesada camada de guitarras, batidas marcantes e a presença de teclados para dar uma suavizada no resultado final.
Após o lançamento de “Pretty Hate Machine”,
que contou com singles de destaque como “Down In It” e “Head Like a Hole”, além
da poderosa “Terrible Lie”, o Nine Inch Nails começou a ser reconhecido pela
crítica especializada e, depois de conseguir se estruturar como uma banda
convencional, passou a excursionar mundo afora.
A partir daí Trent Reznor só solidificou
sua carreira. Numa época em que o grunge era a bola da vez com seu som pra lá
despojado e calcado no puro rock and roll, o NIN conquistou seu espaço no
cenário do rock alternativo com seu estilo único. Cinco anos após o trabalho de
estreia, mais precisamente em março de 1994, o aclamado “The Downward Spiral”
viu a luz do dia. Com músicas do calibre de “March of the Pigs” e da talvez
mais famosa do grupo, “Closer”, este é considerado o melhor disco produzido por Reznor e suas máquinas.
Na sequência do segundo álbum cheio (em 92
havia sido lançado o EP “Broken”) o que se viu foi um Trent Reznor sofrendo com
o conhecido mal que grande parte dos rock stars sofre. O abuso de drogas quase
colocou em xeque a carreira da cabeça pensante do NIN. Uma crise de
criatividade fez com que demorasse mais cinco anos para um novo cd ser
lançado. Somente em 1999 veio o duplo “Fragile”.
O trabalho até recebeu boas críticas, mas não atingiu o sucesso dos anteriores.
Foi na virada do século que o vocalista
resolveu acordar e sair do buraco que Kurt Cobain e Layne Staley não
conseguiram sair. A volta triunfal do Nine Inch Nails se deu através do lançamento de “With
Teeth”, em 2005. O Trent Reznor magrelo dos anos 90 deu lugar a um cara até
meio “bombado”, nitidamente mais saudável.
O som ficou um pouco mais palatável, mas
sem perder a pegada tradicional. “The Hand That Feeds” e a quase dançante “Only”
foram as faixas de destaque e fizeram parte do repertório de toda a bem sucedida turnê
realizada na época. Shows fantásticos foram feitos pelo mundo todo, inclusive
aqui no Brasil, em 2005. A composição de luzes e música frenética fez dos
concertos do NIN uma experiência inesquecível até mesmo em DVD. Assista ao
vídeo “Beside You In Time” para entender do que estou falando.
Quando tudo parecia de volta aos eixos,
mais uma vez Trent Reznor surpreendeu a todos. Depois de lançar mais três CDs
de forma independente (após um rompimento nada amigável com a gravadora
Interscope) - “Year Zero” em 2007, o instrumental “Ghosts I- IV” em fevereiro
de 2008 e “The Slip” em abril de 2008 - o homem banda resolveu encerrar as
atividades do Nine Inch Nails por tempo indeterminado. Até mesmo os equipamentos da banda foram
colocados à venda pela internet.
A desilusão com a situação atual da
indústria musical, aliada a divergência com gravadoras e até com outros
artistas fizeram com que Reznor jogasse tudo pro alto para iniciar novos
projetos.
Vocalista, multi instrumentista, produtor e
empreendedor, Trent Reznor foi responsável por uma das melhores expressões
musicais já registradas. É uma banda
altamente recomendada para quem quer sair da mesmice, ouvir algo diferente e de
grande qualidade.
Achar os CDs não é
fácil. Eu mesmo tive que fazer algumas loucuras financeiras pra completar minha
coleção. Mas fiquem à vontade pra me pedir que eu grave algumas músicas só para
vocês terem uma noção. Garanto que será uma experiência que não vai passar
despercebida.
Fabiao, show de bola: Eu adoro NiN e venho ouvindo o som desde um bom tempo. Alias Voce sabia que ele ainda fez a trilha sonora de um jogo chamado QUAKE, no PC? Trilha, diga-se de passagem, otima.
ResponderExcluirUm grande abraco e parabens pelo BLOG
Grande Shakkan!! Então cara, não sabia desse lance, não! Eu tô ligado que ele é co-autor da trilha do filme Rede Social e que ganhou um Oscar por ela! Animal! Não sei se vc viu o filme, mas dá pra perceber a "cara" dele nas músicas. Muito massa!
ResponderExcluirMais um vez, valeu pela força!
Não conheço a banda mas confesso que depois de ler seu texto eu vou ouvir pq fiquei curiosa! Belo texto, parabéns! Barbara.
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