O rapper inglês que quer conquistar o mundo
Que a Inglaterra é um lugar que deu ao mundo inúmeras
bandas importantes de rock todos já sabem. Basta citar Beatles e Rolling Stones
pra deixar isso mais do que confirmado. Além do rock, o pop também tem ilustres
representantes na terra da rainha. Elton John e George Michael não me deixam
mentir.
Mas e no mundo do rap? Alguém poderia citar de
imediato um único nome de um rapper inglês de destaque? Pois é. Até pouco mais
de um ano atrás eu também não saberia. Eu sou um grande fã de rap. Sei que os
melhores deles surgiram todos nos Estdos Unidos. Tupac Shakur, Public Enemy,
Jay-Z, 50 Cent, entre tantos outros, todos nasceram na terra do Tio Sam. Na
América Latina, incluindo nós brasileiros, é claro, também podem ser
encontrados alguns artistas de qualidade nesse meio. Em Cuba temos o ótimo
Orishas. Aqui no Brasil, o grande Racionais MCs.
Foi navegando no site da revista inglesa New Musical
Express pra buscar notícias de bandas de rock que acabei descobrindo que um
garoto de Londres estava “bombando” nas paradas britânicas de sucesso. Seu
nome? Dizzee Rascal.
Com apenas 18 anos, Dylan Kwabena Mills, descendente
de ganeses, lançou seu primeiro álbum, intitulado “Boy In Da Corner”, em 2003.
Esse trabalho eu só fui conhecer recentemente fuçando na internet pra saber um
pouco mais sobre o cara. O que eu descobri foi um som que mistura rap
convencional com música eletrônica e ragga. Inicialmente, Rascal foi
considerado um expoente do estilo
musical chamado “grime”. O grime é uma espécie de “rap de garagem” feito essencialmente
na Inglaterra. Os MCs mandam suas rimas de forma bem acelerada em cima de
batidas totalmente inovadoras, às vezes até confusas de tão diferentes daquilo
que estamos acostumados a ouvir normalmente.
Foi justamente essa mistura toda que me chamou a
atenção. Os graves extremamente potentes de faixas como “I luv U”, “Fix Up Look
Sharp” e “Jus’a Rascal” me soaram como uma grande novidade. Nunca tinha ouvido
nada parecido. O sotaque inglês bem carregado de Rascal dá um toque especial a
cada música, deixando o resultado final ainda mais interessante. As letras
basicamente falam sobre o cotidiano da cidade em que vive. Inevitavelmente isso
acaba incluindo mulheres, dinheiro e baladas. Felizmente, não chegam a conter
nada muito agressivo ou desnecessário. Eu diria que é mais num tom de
brincadeira. Não precisamos levar muito a sério. Como quase todo rapper, Dizzee
Rascal até tem aquela postura de “eu sou o cara”, mas passa longe de ser
antipático.
Não demorou muito e eu acabei comprando este primeiro
cd. Pouco depois adquiri também o álbum seguinte, “Showtime”, lançado em 2004.
“Stand Up Tall” e “Everywhere” são alguns dos destaques deste disco que seguiu
à risca a fórmula do trabalho anterior.
Muito bem criticado pela mídia especializada pelas
suas performances ao vivo, Dizzee Rascal facilmente passou a ser figurinha
carimbada nos grandes festivais de música do seu país e do resto da Europa.
Pelo que pude testemunhar através de alguns vídeos, a galera de fato vai à
locura com o clima de pista de dança misturado com festa black que rola em cada
show.
Mas o garoto
seguiu querendo mais. Nem o cd não muito bem sucedido “Maths + English”, de
2007, que incluiu o single “Sirens”, foi capaz de impedir que convites para
colaborar com outros artistas se tornassem cada vez mais frequentes. A cantora
Lily Allen e o fera da música eletrônica, Calvin Harris, fizeram parceria com
Dizzee. Aliás, foi com este último que ele estourou novamente nas paradas de
sucesso com o single “Dance Wiv Me”.
Esta faixa acabou entrando no quarto trabalho de
estúdio do rapper, “Tongue N’Cheek”, que chegou às lojas em 2009. A ótimas
faixas “Holiday” (também foi produzida por Calvin Harris) e “Bonkers” também entraram nesse disco que fugiu um
pouco do “grime” que predominava nos primeiros discos para dar lugar a canções
um pouco mais dançantes, mas sem perder a originalidade.
Pra vocês terem um pouco mais de noção do nível
alcançado por Dizzee atualmente, basta dizer que, à época do lançamento de
“Tongue N’Cheek”, uma grande marca de materiais esportivos lançou um modelo de
tênis batizado com o nome do rapper. O cara anda tão empolgado que,
recentemente, em entrevista para um canal de TV britânico, afirmou que gostaria
eventualmente de enveredar para o ramo da atuação e se tornar algo como o primeiro
007 negro. Ambicioso o rapaz, hein?
Nos últimos dois anos, Raskit adotou uma postura um
pouco mais “low profile”. Ele preferiu se restringir apenas a colaborar em
álbuns de outros artistas como Shakira, abrir shows de grande porte como o da
banda Red Hot Chili Peppers em sua turnê britânica ou fazer uma participação
mais do que especial na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres,
em julho deste ano. Somente agora no segundo semestre de 2012, após tantos
trabalhos diversificados, é que o rapaz começou a compor faixas para seu
próximo trabalho, ainda sem qualquer previsão de data de lançamento.
Pois é. Com toda essa ousadia e apetite para fazer
sucesso que Dizzee já conquistou a Inglaterra e, quando menos esperarmos, pode
conquistar também o resto do mundo. Talento não falta. Dizzee Rascal é do que a
música precisa hoje para mostrar que um visual chocante não é o que deve chamar
a atenção do público e da mídia (entendeu, Lady Gaga?), mas sim composições
inovadoras que realmente tenham qualidade. Altamente recomendável.
Embora não seja meu estilo predileto, não se pode negar a influência e a notoriedade que este ritmo alcançou nos últimos tempos. Na festa de despedida do Ronaalo Fenômeno (No Pacaembu, em São Paulo) eu tive o prazer de conhecer e conversar com um sujeito muito esclarecido chamado Rappin Hood. Prestem atenção às letras, vale a pena.
ResponderExcluirEdison Souza