quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Dizzee Rascal


O rapper inglês que quer conquistar o mundo    


 


Que a Inglaterra é um lugar que deu ao mundo inúmeras bandas importantes de rock todos já sabem. Basta citar Beatles e Rolling Stones pra deixar isso mais do que confirmado. Além do rock, o pop também tem ilustres representantes na terra da rainha. Elton John e George Michael não me deixam mentir.

Mas e no mundo do rap? Alguém poderia citar de imediato um único nome de um rapper inglês de destaque? Pois é. Até pouco mais de um ano atrás eu também não saberia. Eu sou um grande fã de rap. Sei que os melhores deles surgiram todos nos Estdos Unidos. Tupac Shakur, Public Enemy, Jay-Z, 50 Cent, entre tantos outros, todos nasceram na terra do Tio Sam. Na América Latina, incluindo nós brasileiros, é claro, também podem ser encontrados alguns artistas de qualidade nesse meio. Em Cuba temos o ótimo Orishas. Aqui no Brasil, o grande Racionais MCs.

Foi navegando no site da revista inglesa New Musical Express pra buscar notícias de bandas de rock que acabei descobrindo que um garoto de Londres estava “bombando” nas paradas britânicas de sucesso. Seu nome? Dizzee Rascal. 





Com apenas 18 anos, Dylan Kwabena Mills, descendente de ganeses, lançou seu primeiro álbum, intitulado “Boy In Da Corner”, em 2003. Esse trabalho eu só fui conhecer recentemente fuçando na internet pra saber um pouco mais sobre o cara. O que eu descobri foi um som que mistura rap convencional com música eletrônica e ragga. Inicialmente, Rascal foi considerado  um expoente do estilo musical chamado “grime”. O grime é uma espécie de “rap de garagem” feito essencialmente na Inglaterra. Os MCs mandam suas rimas de forma bem acelerada em cima de batidas totalmente inovadoras, às vezes até confusas de tão diferentes daquilo que estamos acostumados a ouvir normalmente.

Foi justamente essa mistura toda que me chamou a atenção. Os graves extremamente potentes de faixas como “I luv U”, “Fix Up Look Sharp” e “Jus’a Rascal” me soaram como uma grande novidade. Nunca tinha ouvido nada parecido. O sotaque inglês bem carregado de Rascal dá um toque especial a cada música, deixando o resultado final ainda mais interessante. As letras basicamente falam sobre o cotidiano da cidade em que vive. Inevitavelmente isso acaba incluindo mulheres, dinheiro e baladas. Felizmente, não chegam a conter nada muito agressivo ou desnecessário. Eu diria que é mais num tom de brincadeira. Não precisamos levar muito a sério. Como quase todo rapper, Dizzee Rascal até tem aquela postura de “eu sou o cara”, mas passa longe de ser antipático.

Não demorou muito e eu acabei comprando este primeiro cd. Pouco depois adquiri também o álbum seguinte, “Showtime”, lançado em 2004. “Stand Up Tall” e “Everywhere” são alguns dos destaques deste disco que seguiu à risca a fórmula do trabalho anterior.

Muito bem criticado pela mídia especializada pelas suas performances ao vivo, Dizzee Rascal facilmente passou a ser figurinha carimbada nos grandes festivais de música do seu país e do resto da Europa. Pelo que pude testemunhar através de alguns vídeos, a galera de fato vai à locura com o clima de pista de dança misturado com festa black que rola em cada show. 







Mas  o garoto seguiu querendo mais. Nem o cd não muito bem sucedido “Maths + English”, de 2007, que incluiu o single “Sirens”, foi capaz de impedir que convites para colaborar com outros artistas se tornassem cada vez mais frequentes. A cantora Lily Allen e o fera da música eletrônica, Calvin Harris, fizeram parceria com Dizzee. Aliás, foi com este último que ele estourou novamente nas paradas de sucesso com o single “Dance Wiv Me”.

Esta faixa acabou entrando no quarto trabalho de estúdio do rapper, “Tongue N’Cheek”, que chegou às lojas em 2009. A ótimas faixas “Holiday” (também foi produzida por Calvin Harris) e “Bonkers”  também entraram nesse disco que fugiu um pouco do “grime” que predominava nos primeiros discos para dar lugar a canções um pouco mais dançantes, mas sem perder a originalidade.

Pra vocês terem um pouco mais de noção do nível alcançado por Dizzee atualmente, basta dizer que, à época do lançamento de “Tongue N’Cheek”, uma grande marca de materiais esportivos lançou um modelo de tênis batizado com o nome do rapper. O cara anda tão empolgado que, recentemente, em entrevista para um canal de TV britânico, afirmou que gostaria eventualmente de enveredar para o ramo da atuação e se tornar algo como o primeiro 007 negro. Ambicioso o rapaz, hein?





Nos últimos dois anos, Raskit adotou uma postura um pouco mais “low profile”. Ele preferiu se restringir apenas a colaborar em álbuns de outros artistas como Shakira, abrir shows de grande porte como o da banda Red Hot Chili Peppers em sua turnê britânica ou fazer uma participação mais do que especial na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, em julho deste ano. Somente agora no segundo semestre de 2012, após tantos trabalhos diversificados, é que o rapaz começou a compor faixas para seu próximo trabalho, ainda sem qualquer previsão de data de lançamento.

Pois é. Com toda essa ousadia e apetite para fazer sucesso que Dizzee já conquistou a Inglaterra e, quando menos esperarmos, pode conquistar também o resto do mundo. Talento não falta. Dizzee Rascal é do que a música precisa hoje para mostrar que um visual chocante não é o que deve chamar a atenção do público e da mídia (entendeu, Lady Gaga?), mas sim composições inovadoras que realmente tenham qualidade. Altamente recomendável.

 

Um comentário:

  1. Embora não seja meu estilo predileto, não se pode negar a influência e a notoriedade que este ritmo alcançou nos últimos tempos. Na festa de despedida do Ronaalo Fenômeno (No Pacaembu, em São Paulo) eu tive o prazer de conhecer e conversar com um sujeito muito esclarecido chamado Rappin Hood. Prestem atenção às letras, vale a pena.

    Edison Souza

    ResponderExcluir