quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

BRock




O Pop rock brasileiro desmoronou?

   
Há cerca de 30 anos a música brasileira teve o privilégio de testemunhar o surgimento de várias bandas que tinham como base o rock and roll, mas que, em sua maioria, eram responsáveis por composições de apelo comercial. Ou seja, melodias agradáveis, refrões marcantes, etc.

Logo no início da década de 80, nas principais capitais do país surgiram grupos que marcariam para sempre a história da nossa música. De São Paulo vieram os Titãs, do Rio de Janeiro os Paralamas do Sucesso (minha preferida dessa geração). Do extremo sul do país vieram os Engenheiros do Havaí e de Brasília veio provavelmente o maior de todos os grupos da época, a Legião Urbana.

Eu acabei de citar apenas alguns exemplos. Eu poderia facilmente fazer um texto falando somente do rock brasileiro dos anos 80, que ficou conhecido como BRock. Querem mais alguns nomes só pra não passar batido? Lá vai: Blitz, Barão Vermelho, Kid Abelha, Ira, Nenhum de Nós, Ultraje a Rigor...e por aí vai.




Mas pra chegar ao meu objetivo final preciso passar logo para os anos 90. Nesta década a estética e o som do pop rock brasileiro deram uma grande guinada. Vimos surgir bandas com influências musicais inusitadas e com uma temática de letras e visual bem mais ousados e até mesmo mais agressivos em algumas oportunidades. 

Permitam-me dizer que foi nessa época que comecei a me interessar de forma especial por música e por isso as bandas brasileiras dessa época são as minhas preferidas. Os nomes de maior destaque foram Raimundos, com sua mistura de punk rock e forró (!!!), Planet Hemp, misturando rock e rap, Chico Science a Nação Zumbi e sua salada de rock, hip hop e maracatu, O Rappa, com influências de reggae, e quase no final da década, o Charlie Brown Jr.

Algumas outras bandas dos anos 90, com uma proposta bem mais comercial, também se tornaram muito grandes. Com o mais puro “sangue pop” correndo nas veias, os mineiros do Skank e do Jota Quest, além dos cariocas do Cidade Negra alcançaram um enorme sucesso.




Todas essas bandas dos anos 80 e 90, com mais ou menos qualidade e, obviamente, dependendo do gosto de cada um, tiveram seu mérito e, de uma forma ou de outra, conquistaram pelo menos o respeito por parte do público e da mídia especializada. Porém, vieram os anos 2000. Aí as coisas mudaram.

Se tudo começou num bom nível através dos Los Hermanos (de novo, dependendo do gosto de cada um) que apresentaram um rock honesto e tecnicamente bem realizado, pouco a pouco o castelo do pop rock brasileiro foi desmoronando.

Ainda chegamos a ser agraciados com bandas de qualidade como Pitty e Cachorro Grande, mas quem tomou conta da mídia e do gosto da maioria dos adolescentes foram as chamadas bandas “emo”. 




O emo não era um termo pejorativo até então. No final dos anos 80 e durante os 90, eram considerados “emocore” os grupos que faziam música do estilo hardcore, mas com letras mais sentimentais.  Afinal, rockeiros também amam, certo? Mas no século 21 o emo tomou outra forma. A estética passou a ter tanto destaque ou ainda mais que a música em si. Influenciados pelos americanos do My Chemical Romance e do Fall Out Boy, surgiram por aqui bandas como NX Zero, Fresno e Strike.

Esse triunvirato simplesmente se transformou em referência para o pop rock feito no Brasil atualmente. Letras pouco elaboradas e instrumentistas raramente dotados de técnica (admito, o baterista do NX Zero manda bem) são a base dessa nova geração.  Mas isso não importa muito. Com tanto que as garotinhas seguidoras da MTV possam cantar cada palavra das letras e, entre uma estrofe e outra, gritarem por causa dos “gatinhos” Di, Gu, Fe, Du, Piu, Pe, Lu...etc, tá tudo certo.

Na esteira do emo, vieram os “coloridos”. A diferença está no visual um pouco mais descontraído – é muito comum ver integrantes de bandas como (como me dói escrever esses nomes) Restart e Cine usando calças cor de laranja com camisetas verde fluorescente – além da qualidade do som e das letras serem ainda mais sofríveis que as dos grupos emo. Realmente lamentável.



Me desculpem se estou soando um tanto quanto amargo e exagerado. É que realmente, se pararmos pra pensar em tudo que já foi feito por letristas do calibre de Renato Russo, Cazuza, ou mesmo Rodrigo Amarante, e músicos como Roberto Frejat, João Barone e Lucio Maia, é desanimador olhar o cenário que temos hoje.

Eu infelizmente acredito que o pop rock brasileiro vive seu pior momento. Possibilidades de mudanças? Existem bandas de muita qualidade espalhadas no país todo, mas que não chegarão às grandes massas ou porque as gravadoras não as aprovam ou porque elas mesmas não querem fazer parte desse grande jogo de cartas marcadas e preferem seguir com suas carreiras de forma totalmente independente.

Enfim. As cartas estão na mesa. Enquanto o rock brasileiro tiver esta cara sem graça já sabemos o que fazer:  ir atrás dos grupos de qualidade que conseguem se destacar na mídia mesmo nesse mar de futilidade ou torcer para que novíssimas bandas com propostas minimamente dignas causem uma grande reviravolta na cena. Reviravolta que poderia começar até mesmo por qualquer um de nós. Por que não? Vamos montar uma banda? O que você toca? Alguém precisa salvar o rock brasileiro!!

2 comentários:

  1. falae FC,
    excelente artigo.
    sucesso pra ti me friend!
    gde abc do França!

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  2. O que esta salvando a cena rock n roll no Brasil na minha opiniao é o rock gaucho. Muita coisa boa aparece por la alem do ja citado Cachorro Grande temos ainda Ultramen, Wander Wildner, Bide ou Balde etc....

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