The Killers volta pronto
pra batalha
Foram quase
três anos de hiato. Depois de emendar três ciclos de álbum novo e extensivas
turnê mundo afora, o The Killers deu aquela parada estratégica para repensar a
vida, embarcar em projetos pessoais e só depois retornar para a batalha do dia
a dia de uma banda de sucesso internacional. E foi exatamente isso que Brandon
Flowers e companhia fizeram. Durante o mês de setembro lançaram o quarto
trabalho de estúdio da banda, intitulado “Battle Born”.
O
direcionamento musical do novo álbum era um tanto quanto previsível. Depois de
um elogiadíssimo disco de estreia, “Hot Fuss”, que contava com canções estilo
rock de arena de ponta a ponta, veio um trabalho um pouco mais pesado, “Sam’s
Town”, que careceu um pouco de regularidade, mas nos brindou com verdadeiros
hinos do indie rock como “When You Were Young”.
A seguir veio “Day and Age”. Um pouco mais ousado ao flertar com outros
estilos como a dance music e ritmos latinos, o cd recebeu críticas variadas mas,
no geral, se saiu bem. Sendo assim, por conta de toda essa jornada, não seria
surpresa se os caras resolvessem voltar à zona de sgurança e partissem para
compor um trabalho mais voltado às suas origens.
A exemplo
do que aconteceu com outra excelente banda indie, o Bloc Party, após a pausa, o
The Killers realmente resolveu voltar ao básico. Vejam bem, não é uma mera
cópia de ‘Hot Fuss” apenas para agradar a todos, garantir uma boa vendagem e
elogios da mídia. Eles se basearam no ponto de onde partiram, mas acrescentaram
algo mais para mostrar que ainda são uma banda relevante.
O estilo de
rock influenciado por Bruce Springsteen e por que não dizer, Queen, está em
praticamente todas as faixas de “Battle Born”. Os caras cresceram durante os
anos 80 e são claramente influenciados pelo som feito neste período. Portanto,
os teclados que nós vimos desde “Somebody Told Me” ainda estão presentes. A
melodia calculadamente emocional nos vocais de Flowers também está por lá.
O cd começa
com “Flesh And Bone”. A introdução calma vai dando lugar a um ritmo mais
intenso até chegar em um belo refrão. A mesma fórmula foi utilizada no primeiro
single do álbum, “Runaways”. Quando ouvi
pela primeira vez não dei muita bola. Mas hoje, quando escuto, não tem como não
cantar junto um dos refrões mais certeiros de todo o repertório do grupo. Já é
inclusive um ponto alto das apresentações mais recentes.
Na sequência,
me chamou a atenção a faixa “A Matter of Time”. Um rock agitado que remete ao
The Killers do início da carreira. Já a ótima balada (que não poderia faltar
num álbum do Killers) “Here With Me” tem tudo pra ser um dos singles do disco.
Mas quem pulou na frente e já foi lançada como segunda “música de trabalho”
(como eu detesto esse termo) do novo álbum é “Miss Atomic Bomb”, que segue a
linha mais tradicional de composição do The Killers.
Os únicos
“escorregões” do disco são a monótona “Heart of a Girl” e a mezzo country “From
Here on Out”. Outra bela balada, “Be Still”, e a excelente faixa-título,
encerram o álbum am alto nível. Quem tiver a oportunidade de adquirir a edição
deluxe vai encontar mais duas faixas inéditas, “Carry Me Home” e “Prize
Fighter”, além de uma versão remix de “Flesh and Bone”.
Numa
impressão geral, eu diria que “Battle Born” é um disco um pouco mais sério que
seus antecesssores. Não falo com relação as letras, que continuam seguindo a
temática ora positivista, ora romântica. Mas os arranjos são um pouco mais
sisudos. Está longe de ser um trabalho melancólico. Como eu disse durante o
texto, a essência do grupo está lá, mas eles arrumaram um jeito de diferenciá-lo
do resto da discografia. E nisso diria que foram bem sucedidos.
Quem já é
fã da banda, como no meu caso, vai gostar do álbum e certamente vai vibrar com
as novas músicas que se encaixaram bem no setlist da turnê atual. E por falar
em turnê, o caras virão ao Brasil pela terceira vez no ano que vem. Eles serão
a atração principal do primeiro dia do festival Lollapalooza. Será uma ótima
oportunidade de ver um ótimo show como os que eu pude ver em 2007 e 2009.
Pois bem, o
The Killers está de fato de volta à batalha e pronto para vencer. Com um
trabalho competente, que leva a marca registrada dos rapazes de Las Vegas, mais
uma vez ficou comprovado porque eles são um dos maiores nomes do indie rock e,
por que não dizer, de todo o rock dos anos 2000.
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