The Strokes "carrega" no eletro e agrada
Há pouco
mais de dois anos escrevi uma crítica sobre o então novo álbum dos Strokes
intitulado “Angles”. Na época, me chamou a atenção o fato de várias músicas conterem
fortes referências de new wave, só pra lembrar (ou explicar para quem não leu o
texto sobre “Angles”), um estilo musical que fez muito sucesso nos anos 80, em
que a grande característica era a presença de sintetizadores, som da caixa da
bateria cheio de efeitos e vocais idem.
Atribuí
essa tendência da banda nova-iorquina a grande influência exercida pelo seu
vocalista Julian Casablancas, que dois anos antes havia lançado seu disco solo
que pareceu um trabalho vindo diretamente de 1984.
Pois bem.
Com a eminência do lançamento de mais um disco apenas dois anos depois do seu
antecessor (o intervalo entre o “Angles” e o álbum anterior foi de 5 anos!) fui
tomado de uma grande expectativa/curiosidade sobre com que tipo de som o The
Strokes nos brindaria em seu novo trabalho.
Já era
notório entre aqueles que acompanham a banda que, a partir do terceiro LP, “The
First Impressions of Earth”, os caras passaram a “experimentar” um pouco mais
em suas composições e foram deixando cada vez mais de lado o som “garageiro”
que predomina nos seus dois primeiros álbuns. Foi o jeito que a banda encontrou
para evoluir musicalmente.
Depois do
mezzo new wave/mezzo rock and roll do disco anterior, os Strokes vem então com
“Comedown Machine". E o que temos? Em poucas palavras, diria que é um disco
setenta porcento “eletro” e trinta porcento rock. À saber, eletro é
praticamente new wave. Talvez um pouco mais puxado para a música eletrônica. Algo
parecido com Hot Chip ou Copacabana Club. E vocês então me perguntam: isso quer
dizer que você acha o disco ruim? Resposta bem direta: Claro que não!
Por mais
que eu até sinta falta e prefira rocks “chapados” como “New York City Cops”,
“Whatever Happened” ou “Juicebox”, eu entendi qual é a dos caras em “Comedown
Machine”. Parece que Julian e companhia foram preparando os fãs paulatinamente
para essa mudança. Ou não. Acredito que seja mais o “jeitão” deles de compor
músicas de acordo com que estão a fim, sem se preocupar efetivamente em mudar aos
poucos, evitando chocar público e mídia.
Das
primeiras seis faixas do disco, quatro seguem exatamente o estilo que descrevi
anteriormente: “Tap Out”, “One Way Trigger”, “Welcome to Japan” e “80s Comedown
Machine”. Com exceção da última, um pouco mais lenta e com Julian caprichando
no vocal “deprê”, no melhor estilo Ian Curtis, todas são ideais para dançar em
qualquer balada “indie”. As outras duas são as corretas “All The Time”
(primeiro single do disco) e “50/50”, que remetem a fase inicial da banda.
Na segunda
metade, “Comedown Machine” mergulha ainda mais na experimentação. As canções dão
mais espaço para batidas programadas e sintetizadores do que para guitarras.
Até dá pra encontrar solos discretos em “Slow Animals” e “Partners In Crime” (a
faixa mais “crua” dessa segunda parte), mas o experimentalismo toma conta,
seguindo a linha que predomina em quase todo o disco.
Encerra o
álbum a única música realmente fraca dentre todas as onze. “Call it Fake, Call
it Karma”. Uma balada esquisita e muito arrastada. A faixa não compromete minha
opinião final sobre o LP. Ao ouvi-lo pela segunda vez, de ponta a ponta, já
deu pra acostumar numa boa. Provalmente porque fui devidamente preparado para um trabalho
“diferentão” com “Angles”. A verdade é que “Comedown...” é mais um bom disco do
The Strokes. Mais uma parceria bem sucedida entre o grupo e seu produtor desde
o início da carreira, Gus Osberg.
A única
coisa que deixou a mim e a qualquer outro fã do The Strokes intrigados foi o
fato de a banda não anunciar qualquer plano de excursionar em suporte ao novo
trabalho. Imaginava-se que os caras, por não terem enrolado muito para gravar mais
um disco, estariam loucos pra cair na estrada novamente. Mas não. Concordo que os
arranjos das novas músicas poderiam ser um tanto quanto difíceis de serem
reproduzidos ao vivo, mas não creio que isso seria um empecilho tão grande. Há
quem diga que é um indício de que o grupo estaria nas últimas e que este seria
um álbum de despedida. Não é de hoje que boatos assim circulam a respeito da
banda, mas eu não boto muita fé nisso, não. Prefiro acreditar que é só mais uma
das esquisitices de uma banda que nunca fez questão de ser muito normal. Is
this it? Veremos...
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