Minha relação com o soul e o blues é bem recente. Quando comecei a
“consumir” música de forma mais dedicada, no longínquo ano de 1993, tudo o que
me interessava era rock pesado e gangsta rap. Não aceitava praticamente nada
que fugisse disso. Atribuo essa atitude a minha imaturidade na época. Normal.
Eu tinha apenas 15 anos idade.
Com o passar dos anos fui aprendendo a apreciar outros tipos de rock e de rap e conhecer mais sobre a origem e influência dos artistas dos quais sou fã. Dessa forma comecei a escutar bandas e cantores mais antigos. Aqueles que faziam sucesso muito antes de eu nascer.
Com o passar dos anos fui aprendendo a apreciar outros tipos de rock e de rap e conhecer mais sobre a origem e influência dos artistas dos quais sou fã. Dessa forma comecei a escutar bandas e cantores mais antigos. Aqueles que faziam sucesso muito antes de eu nascer.
Especialmente no hip hop, sempre foi muito comum os DJs criarem batidas
baseadas em canções de artistas de funk, soul e R&B dos anos 60 e 70 como
James Brown e Marvin Gaye. Foi assim que fui me aproximando mais da tradicional
música negra americana. E foi dessa forma que cheguei até o nome de Otis
Redding. Eu me lembrava de já ter ouvido este nome antes. Sabia que era um
artista das antigas e nada mais do que isso. Tudo começou a mudar quando eu
ouvi o primeiro single do álbum gravado em dueto pelos rappers Jay-Z e Kanye
West, lançado no ano passado. O nome da música era simplesmente “Otis” e, como
o título já sugere, usava como base um sample de uma canção do cantor Otis
Redding chamada “Try a Little Tenderness”. Decidi então iniciar uma “caça” a
essa música.
Pesquisando na internet consegui achar a faixa em questão. Fantástica!
Para minha felicidade, eu achei um vídeo da performance de Otis Redding
interpretando “Try a Little Tenderness” e simplesmente pirei. Durante uma tarde
inteira ouvi um mix de cerca de 30 músicas, sem parar. Espetacular!
A partir daí fui descobrindo tudo que podia sobre o cara. Descobri que
Otis Ray Redding Jr. nasceu no dia 9 de setembro de 1941, na cidade de Dawson,
no estado americano da Georgia e que, além de intérprete, era também um grande
compositor que iniciou sua carreira por volta dos 19 anos de idade.
Otis atingiu um grande sucesso durante os anos 60 através de ótimas
canções como “These Arms Of Mine”, “Respect”, “I Can’t Turn You Loose”, além de
interpretações excelentes para as já clássicas na época, “Stand By Me”,
originalmente gravada por Ben E. King, e “My Girl”, dos Temptations. Mas as
faixas de maior sucesso da carreira de Otis entretanto foram a já citada “Try a
Little Tenderness” e “(Sittin’ On) The Dock of the Bay”.
Todas essas músicas revelam um artista completo. O timbre único do seu
vocal aliado a arranjos de altíssima qualidade resultaram em canções
maravilhosas de soul e blues. Isso sem contar as letras muito bem escritas e
capazes de “amolecer” o mais bruto dos corações. Não era à toa, portanto, que
Otis também fosse conhecido como “The King of Soul”. Em cima do palco, ele
demonstrava toda sua paixão pela música que fazia através de performances
empolgantes e cheias de energia que frequentemente deixavam a público em
êxtase. Isso sem falar da banda que o acompanhava mundo afora e conseguia
reproduzir com extrema competência suas grandes composições.
Vocês certamente repararam que durante todo o texto eu sempre me refiro
a Otis Redding com verbos conjugados no passado. Pois é. O mundo da música
perdeu um dos seus maiores nomes de forma trágica no ano de 1967. O cantor
tinha apenas 26 anos recém-completados quando o avião em que viajava caiu no
lago Monona pouco antes de aterrissar na cidade de Madison, Wisconsin, onde
faria mais um show pela sua turnê norte-americana. Otis havia sido avisado para
adiar o vôo em função do péssimo clima naquela noite, com fortes chuvas e muita
neblina. Infelizmente o cantor ignorou o conselho.
A morte precoce do King of Soul abalou fãs e outros artistas na época.
Todos tinham noção do talento do artista e o quanto ele ainda poderia
contribuir para a música. Como consolo, seus fãs ainda foram agraciados com
quatro lançamentos póstumos entre 67 e 70. O primeiro deles incluiu exatamente
um dos seus maiores sucessos, a já citada “(Sittin’ On) The Dock of the Bay”,
que Otis havia registrado em estúdio dias antes de sua morte.
Mesmo assim, o passar dos anos mostrou que a perda repentina de The Big
O não o transformou exatamente em uma lenda, como acontece com muitos artistas.
Apenas os verdadeiros apreciadores de blues e soul ou aqueles mais curiosos
(como foi o meu caso) acabaram tendo a noção da relevância que a obra deste
cantor teve para a música americana e também mundial.
De qualquer forma, nunca é tarde para descobrir um grande artista. Eu
não sei qual é seu estilo preferido de música. Também não sei se você prefere
ouvir apenas novidades e não faz questão de valorizar o passado que é
responsável por muitas das músicas feitas hoje em dia. Mas deixo aqui a minha
sugestão. Otis Redding foi um artista fenomenal. Se você ouvir e não gostar, eu
até entendo, mas vou achar estranho. Mas se você se emocionar como eu me
emocionei, não será nenhuma surpresa. Ao contrário. Isso é sinal que você tem
alma.
Clique para ver uma performance ao vivo de "Try a Little Tenderness"
Clique para ver um vídeo de "(Sittin' On) The Dock of the Bay"
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