The Black Keys: o novo bom e velho rock and roll
Um certo
dia, no começo do ano passado, conversando com um camarada do meu trabalho comentei
que o Arctic Monkeys, banda indie inglesa da qual somos grandes admiradores,
iria fazer uma turnê grande pelos Estados Unidos. Mas um detalhe me deixou
contrariado e eu falei pra esse camarada: “Cara! O Arctic Monkeys vai sair em
turnê pelos Estados Unidos, mas não vão ser a atração principal! Eles vão abrir
pra um tal de The Black Keys...você conhece essa banda?”. E ele respondeu: “É...parece que eles estão “grandes”,
sim. Muito bem falados e tal”. Na hora eu deixei passar batido, mas guardei o
nome na memória pra pesquisar mais pra frente.
Com o
passar do tempo, realmente fui comprovando que o tal The Black Keys realmente
estava bem “hypado” tanto em seu país natal, Estados Unidos, quanto na Europa. Comecei
a ouvir falar cada vez mais dos caras e então minha curiosidade foi aumentando.
Foi então que em uma das minhas visitas ao excelente site whiplash.net vi uma matéria
que descrevia com detalhes toda a discografia da banda.
Nessa
matéria descobri que o Black Keys na verdade é uma dupla! Isso mesmo! Dan
Auerbach (guitarra e vocal) e Pat Carney (bateria) são seus únicos membros
oficiais. Isso aguçou ainda mais minha curiosidade e então parti pra ouvir o
som dos caras. Primeiro dei uma sacada pela internet naquele que é o álbum mais
recente da dupla, intitulado “El Camino”, lançado em 2011. Achei interessante
mas nada de especial.
Pouco tempo
depois resolvi dar mais uma chance para os dois esquisitões e ouvi o disco
anterior ao “El Camino”, chamado simplesmente de “Brothers”. Dessa vez minha
reação foi um pouco mais positiva. O próximo passo foi passar em uma loja, pegar um
cd nas mãos e ouvir com um pouco mais de atenção. Aí a história começou a
mudar.
Não demorou
muito e eu finalmente comprei (sim, comprei, não baixei) o já citado “El
Camino”. A essa altura já estava seduzido pelo rock garageiro que mistura
blues, uma pitada de country e mais uma dose rock sessentista. É sem dúvida um
som que não te deixa ficar parado. Um som que te leva instintivamente a fazer
air guitar, dar uma dançada de leve ou simplesmente viajar com os riffs
matadores compostos por Dan.
Paralelamente
a esse “processo de sedução”, comecei a dar uma olhada nos clipes do The Black
Keys. E mais uma vez eles surpreenderam. Ainda não vi todos. Mas os que eu vi
me chamaram muito a atenção. Dan e Pat costumam inclusive atuar nos vídeos e
acabam se saindo muito bem. São os casos dos clipes de “Tighten Up” e “Your
Touch”. Mas o mais divertido dos que eu vi até agora é sem dúvida o do single
de grande sucesso do “El Camino”, “Lonely Boy”. O clipe nada mais é do que um
“tiozinho”, realmente sozinho, dançando
para a câmera durante os pouco mais de três minutos da canção. Muito engraçado,
simples e original. Vale conferir.
Desde que
comprei o cd confesso que fiquei meio obcecado pela banda. Voltei a ouvir os
trabalhos anteriores, principalmente o já citado “Brothers”, além de “Attack
and Release”, de 2008 e “Magic Potion”, lançado em 2006. Ouvindo todos esses
álbuns dá pra perceber uma sutil mudança no som dos caras, mas sem perder a
identidade. A essência blues continua até hoje, mas as músicas dos primeiros
registros são bem menos acessíveis, digamos assim. A produção, a cargo do
baterista Pat Carney, era mais suja e os arranjos um pouco mais complexos. A
partir do momento em que Danger Mouse (membro da dupla de R&B Gnarls
Barkley) passou a assumir o papel de produtor ao lado de Pat, a história mudou
um pouco.
Danger Mouse conseguiu tornar o som do The Black Keys um pouco mais palatável, mas sem se tornar fraco, nem perder a pegada rockeira que é sua característica mais marcante. Inclusive, para encorpar ainda mais as performances ao vivo das composições mais novas, músicos adicionais tocam em grande parte dos shows para reproduzir com fidelidade as guitarras extras, o baixo e o teclado que ouvimos nas versões de estúdio.
O fato é
que agora eu consigo entender porque o Arctic Monkeys foi a banda de abertura
na turnê americana com a dupla nativa de Akron, Ohio. Não que eu acredite que
eles sejam melhores que os moleques ingleses. Minha opinião pode até mudar no
futuro. Não sei. Mas sem dúvida ficou claro pra mim porque esta banda vem recebendo
seguidos elogios da mídia especializada, abocanhando prêmios e lotando qualquer
lugar onde se apresentam.
Por falar nisso,
o The Black Keys se apresentará pela primeira vez no Brasil em março deste ano,
no segundo dia do festival Lollapalooza, em São Paulo. Infelizmente a falta de
verba me impede de testemunhar esta que tem tudo para ser um excelente show. O
jeito vai ser acompanhar pela tv mesmo.
Para o meu
desespero ainda maior, somente o cd mais recente foi lançado no Brasil. Os
anteriores podem ser encontrados por aqui, mas por um preço exorbitante. Espero que sejam lançados por aqui em breve. Quem sabe com a vinda dos
caras pra cá alguma gravadora não se habilite.
Olha...eu
canso de dar boas opções de rock nesse blog. Pode ser que vocês não tenham se
empolgado com nenhuma delas, mas dessa vez eu intimo vocês a darem uma ouvida no
The Black Keys. Se não gostarem, podem vir me cobrar mas, sinceramente, duvido
que isso aconteça.
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