20 anos sem Kurt Cobain, mas ainda com Nirvana
Incrível
como passou rápido. Me lembro que fazia apenas alguns meses que eu havia sido
seduzido pelo som do Nirvana. Uma banda de rock sujo, agressivo, mas também
melódico, que havia desbancado nada mais nada menos que o cantor Michael Jackson das
primeiras posições das paradas de sucesso. Se não me engano, Sergio Chapelin
era o apresentador do Jornal Nacional na época e, de passagem pela sala, vi a
notícia da morte Kurt Cobain ser anunciada. Pensei comigo: “poxa...mas já?”.
Esse “já”
servia para duas coisas: uma era que eu mal havia conhecido a banda. Outra era
que um dos músicos mais talentosos dos últimos tempos, apenas aos 27 anos de
idade, havia desaparecido para sempre. Mas desde então, minha admiração pela
música do Nirvana só cresceu.
Cobain foi
um cara que viveu uma vida muito peculiar. Eu li sua biografia - a excelente
obra “Mais Pesado Que o Céu”, de Charles R. Cross -, assisti inúmeras reportagens,
documentários e vi o quanto ele era um sujeito contrariado, amargurado, que até
tentou aproveitar as coisas que ele gostava na sua vida, como a filha e a
esposa, mas isso não foi suficiente.
Foi
exatamente dessa alma torturada que vieram grandes canções. Verdadeiros hinos
do rock exaltados até hoje. Aliás, a grandeza da banda que liderava foi
justamente um dos motivos de sua derrocada. Mas é difícil julgar. Cada um sabe
dos problemas que tem e o quanto eles podem ser perturbadores para suas vidas.
Vinte anos
depois, se serve de consolo, o que ficou mais marcado foi o legado deixado pelo
Nirvana. Mesmo breve, a existência do grupo foi fundamental para o que viria
ser o rock que conhecemos hoje, tanto musicalmente quanto em termos de atitude
e postura a ser adotada por um artista relevante.
É incrível
como depois de todo esse tempo eu ainda ouço as canções deste grupo de Seattle com
a mesma empolgação de vinte anos atrás. Aliás, demorou para eu perceber que
essas músicas envelheceram. Para mim, e felizmente para muitas pessoas, a obra
do Nirvana não soa datada. “Smells Like Teen Spirit”, “Rape Me”,
“School”, “Aneurysm”, “Sliver”, enfim, a lista é longa. Todas essas músicas ainda mantém a energia da época que foram lançadas.
Para
resumir o que escrevi nesse texto, segue uma breve história: a banda
britânica Muse, que se apresentou no festival Lollapalooza, ocorrido na cidade
São Paulo, exatamente no dia em que se completavam duas décadas da morte de
Kurt Cobain, como não podia deixar de ser, prestou uma homenagem ao músico
executando a faixa “Lithium”, do lendário álbum “Nevermind”. Eu estava bem
relaxado a essa hora, acompanhando o show de longe. Mas pude ver e ouvir milhares
de pessoas, em sua maioria adolescentes, que sequer haviam nascido quando Kurt
morreu, cantando o refrão da música em uníssono, como se fosse o maior hit do
repertório do próprio Muse. Eu acho que isso explica tudo, não? Não ficarei nem
um pouco surpreso se daqui a mais vinte anos essa cena se repetir. Se eu
estiver por aqui ainda, “cinquentão” e tudo, certamente vou cantar junto com
essa galera.
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