Foram
quatro anos de intervalo entre o último trabalho de estúdio da banda, o bom
“Backspacer”, e o mais recente, “Lightning Bolt”, lançado em outubro do ano
passado. Pois é...já faz um tempinho. Mas eu fiz questão de esperar pra colocar
as mãos (e os ouvidos) no disco para poder fazer uma avaliação bem justa e
imparcial. Só ouvi os dois primeiros singles. Não fucei no You Tube e nem mesmo
li críticas a respeito.
Esperei
pacientemente até 25 de dezembro o Papai Noel me trazer “Lightning Bolt” de
presente porque o preço não era nada convidativo (acima da média já alta de preços
de discos aqui no Brasil). Pois bem. Me ajeitei em uma cadeira, dei play no
controle do meu som e dei início a mais uma agradável experiência de ouvir um
cd do Pearl Jam. “Getaway” é a primeira faixa. Gostei! Um rock típico deste
grupo de Seattle. Sujão, bom pra acompanhar o ritmo batendo o pé. A segunda é
“Mind Your Manners”, o primeiro single tirado do álbum e que na época em que
foi revelado me causou uma surpresa pra lá de positiva. Trata-se de uma canção
clássica de punk rock. Uma sequência de “power chords” básica, à la Ramones ou
Black Flag, vocais gritados de Eddie Vedder e curta duração. Excelente!
Na
sequência vem “My Father’s Son”, outra música bem ao estilo Pearl Jam, cuja
letra fala da relação tortuosa entre um pai e um filho (alguém aí lembrou da
letra de “Alive”?). Eis que surge então a primeira balada do álbum, “Sirens”.
Esse foi o segundo single retirado do disco e com ele veio meu primeiro
questionamento sobre o mesmo. O Pearl Jam sempre foi craque no que diz respeito
a baladas. A banda que tem no currículo verdadeiros clássicos como “Black”,
“Daughter” e “Better Man” (poderia citar mais meia dúzia) decepcionou um pouco
dessa vez. A música com certeza é boa, a letra também, mas soa muito “boazinha”,
excessivamente polida. Ao invés do órgão geralmente utilizado nas composições
mais lentas, dessa vez aparece um piano comum que se vê em baladas mais
adocicadas de bandas como Oasis ou Coldplay.
Um dos
grandes momentos de “Lightning Bolt” é a faixa que leva o nome do trabalho. Com
forte presença de guitarras, arranjo dinâmico e refrão marcante, já é um dos
pontos altos dos shows da nova turnê. A partir daí, o disco começa a tomar um
rumo...eu diria... questionável. “Infallible” começa logo de cara com um groove
que lembra “Tremor Christ”, do álbum “Vitalogy” (1994). Logo depois vem aquele
que eu acredito ser o ponto mais baixo do cd. “Pendulum”.
Se você é fã e conhece o Pearl Jam de perto, sabe que, desde a época do já citado “Vitology”
e do seu sucessor, “No Code” (1996), o grupo passou a incluir algumas
composições mais experimentais, com arranjos nada ortodoxos, às vezes letras
faladas ao invés de cantadas, etc. No caso de “Pendulum”, o que se percebe é
uma canção bastante cadenciada, marcada por uma linha de bateria meio
hipnótica. Talvez por isso tem sido constantemente usada para abrir os shows da
atual turnê dos caras, que gostam de iniciar suas apresentações com músicas mais
lentas para depois acelerar o ritmo. Mas essa em especial é monótona demais.
Quando a ouvi no cd pela primeira vez, nem consegui ir até o fim. Tentei mais
algumas vezes pra ver se acostumava, mas ainda assim não deu certo.
A
empolgação volta um pouco com duas músicas interessantes: “Swallowed Whole” e a
blueseira “Let The Records Play”. Mas aí o ritmo cai de novo e o álbum é
finalizado com mais três (!!!) baladas. “Sleeping By Myself” é influenciada por
country e tem uma passagem de ukelele (uma espécie de violão havaiano) no final
que não ajudou muito. “Yellow Moon” é um pouco mais interessante, mas ficou
melhor ao vivo do que na versão de estúdio.
A faixa derradeira é “Future Days”. Lenta demais, talvez coubesse melhor
em um disco solo de Eddie Vedder.
Tirando a
famigerada “Pendulum”, essas músicas finais não são ruins, ainda que as baladas
do cd anterior tenham causado melhor impressão. O problema é que elas estão
quase em sequência. Por isso, um pouco depois da metade em diante, o disco se
arrasta até o final.
Faço essas
críticas a “Lighting Bolt” com a “liberdade” de quem é fã incondicional do
Pearl Jam. Apesar da morosidade de algumas músicas, ainda assim esse é um bom
disco de rock. O fato é que é improvável que a banda venha a igualar clássicos como “Ten” e
“Vs”. Na verdade nem precisa. O restante da discografia fala por si só. Puxando
para memória, a única vez que eu havia me sentido um tanto quanto implicante com
um trabalho novo de Eddie Vedder e companhia foi com “Riot Act”, há mais de dez
anos. Isso sem mencionar as apresentações
ao vivo. Sempre marcantes para qualquer fã.
É inegável,
porém, pelo menos para mim, que os caras desceram um degrau. Mas foi
apenas um degrau, certo? Não foi um tombo retumbante. Principalmente se
tratando de uma das maiores bandas da história do rock. Exatamente por isso é
que eu não duvido que, daqui uns três ou quatro anos, os caras calem minha boca
e soltem um novo álbum recheado de boas músicas do começo ao fim. Ou algo bem
próximo disso.
É muito bom ler uma resenha feita por quem realmente entende de música, ainda mais sendo genro.Parabéns.
ResponderExcluirHahaha...valeu, cara! Abraço!!
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