segunda-feira, 30 de setembro de 2013

ROCK IN RIO V

Rock in Rio 2013. Salvo pelo metal!




Que o Rock In Rio não faz jus ao seu nome todo mundo sabe. Desde a segunda edição, há mais de 20 anos, isso já ficou bem claro quando o line up teve representantes típicos da música pop como George Michael e New Kids On the Block. Na verdade, nem vou discutir muito essa questão. O “dono da bola”, Roberto Medina, percebeu logo de cara que, se o festival re restringisse ao rock, fatalmente não alcançaria seu objetivo de atrair todo tipo de público para o evento e ingressos esgotados todos os dias gerando um lucro bem polpudo. Se ele está certo ou não, essa é uma outra discussão. Medina não é um Perry Farrell da vida. Nunca teve banda. Ele certamente deve gostar de música mas, antes disso, ele é um empresário. Portanto, tudo isso faz sentido.

Com o passar dos anos, como vocês bem sabem, o Rock in Rio foi se distanciando do seu lugar de origem. Várias edições foram realizadas em Lisboa e Madrid e, nas poucas edições nacionais, a programaçaão continuava recheada de aritstas dos mais variados estilos. Mas a noite do metal (ou apenas rock, se você preferir) sempre teve seu lugar cativo. E não é para menos. Em todos os RIR ocorridos no Brasil, os shows mais marcantes sempre foram os de rock. Foi assim na primeira edição em 85 com Queen e AC/DC, em 91 com o Guns N’ Roses, em 2001 com Iron Maiden e Foo Fighters, e ano retrasado com Metallica e Slipknot. E não é que isso se repetiu este ano?

Na minha humilde opinião, a programação do Rock In Rio deste ano foi decepcionante. Mesmo tirando as atrações que realmente não combinam com meu gosto musical, sobrou pouca coisa que realmente me interessasse. A princípio, os únicos shows que eu fazia questão de ver do início ao fim eram, em ordem cronológica, Alicia Keys, The Offspring, Muse, Metallica, Slayer e Iron Maiden. Convenhamos, muito pouco para um festival que teve mais de 80 apresentações nos palcos principais, Mundo e Sunset.


 Desses shows que eu mencionei, de fato gostei de todos. Mas quem me conhece já pode imaginar que considerei Metallica e Iron Maiden como os grandes destaques. As duas bandas são verdadeiros ícones do heavy metal. Mesmo quem não é fã do estilo sabe que não é nada incomum ver por aí homens, garotos e mulheres envergando com orgulho sua camiseta (surrada ou mais nova) de uma ou de outra. Metallica e Iron Maiden são o protótipo do metaleiro comum. São sinônimos de um gênero musical que tem em seus fãs um verdadeiro exército que segue seus ídolos de forma fiel e duradoura. Portanto, não é de se espantar que o show desses dois grupos tenham sido de excelente qualidade.

A banda norte-americana liderada pela dupla James Hetfield (guitarra e vocal) e Lars Ulrich (bateria) se apresentou na segunda semana do festival e logo de cara mandou “Hit the Lights”. Mais adiante, seguiu surpreendendo boa parte dos seus fãs incluindo no setlist faixas não muito comuns como “Holier Than Thou” e “...And Justice For All”. O encerramento já tradicional ficou por conta de “Seek And Destroy”, música de maior destaque do primeiro álbum dos caras que completa trinta anos agora em 2013.

Coube aos ainda mais veteranos do metal, os britânicos do Iron Maiden, encerrar o Rock In Rio 5. Cerca de deza anos mais velhos que os integrantes do Metallica, os integrantes do Maiden mais uma vez esbanjaram energia em cima do palco. É desnecessário dizer que o vocalista Bruce Dickinson  teve o público em suas mãos durante toda a perfomance. Inteligentemente, a banda capitaneada pelo baixista e letrista Steve Harris mesclou seu repertório com canções mais corriqueiras nos shows do grupo como “The Number of the Beast”, “2 Minutes to Midnight” e “Fear of The Dark, com canções não menos clássicas mas menos executadas como “The Prisoner”, Phantom of the Opera” e  “Afraid to Shoot Strangers”. Mais uma apresentação impecável da “Donzela de Ferro” para satisfação total das cerca de 80 mil pessoas presentes na Cidade do Rock.


 Eu não posso ignorar que outros shows fizeram sucesso durante o festival. Os fãs de Bruce Springsteen (que fez um show com quase três horas e duração) e de Bon Jovi (que eu fiz questão de não assistir um segundo sequer) provavelmente não tiveram nada do que reclamar. O mesmo se aplica a Justin Timberlake e John Mayer, por exemplo.

O fato é que, talvez com excessão a Springsteen, por tudo que foi comentado pela imprensa ou pelo que dei uma sapeada aqui e ali, nenhum outro show fora os dois que comentei com mais entusiasmo neste texto foi capaz de marcar a história do Rock In Rio. Faço questão de ressaltar mais uma vez que não acredito que o Rock In Rio devesse ser um festival estritamente de rock. É justamente por isso que hoje há espaço para o indie rock, através do Lollapalooza, para o metal, com o retorno do Monsters of Rock, e assim por diante.

De qualquer forma, só pelo tanto de vezes que ouvi de várias pessoas no meu trabalho a seguinte pergunta: “nossa...você viu o show do Metallica ontem?”, ficou mais do que evidente que o metal salvou o Rock in Rio 2013.







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