terça-feira, 10 de setembro de 2013

Arctic Monkeys

Arctic Monkeys: evolução musical tem limite?


E lá vou eu para mais um review de um álbum da banda Arctic Monkeys. Este é o terceiro álbum deste grupo britânico que eu humildemente analiso. O primeiro foi o surpreendente “Humbug” de 2009. Depois veio o excessivamente leve “Suck it And See”, de 2011. Agora é a vez de “AM” lançado no último dia 9 de setembro.

O título do trabalho é simples, mas o “approach” de Alex Turner e seus parceiros é pra lá de ousado. “AM” é puro groove. Isso mesmo. O próprio vocalista da banda declarou em entrevista à revista inglesa New Musical Express há alguns meses que o novo trabalho do Arctic Monkeys teria uma pegada hip hop (!!!). Acho que ele quis dizer que seria uma coleção de canções feitas para dançar. Isso quer dizer então que é um disco divertido e agradável de se ouvir? Hmmm...mais ou menos.

O começo é arrebatador. A faixa inicial e primeiro single lançado, “Do I Wanna Know”, simplesmente não sai da minha cabeça. Um riff esperto que casa perfeitamente com uma linha vocal igualmente criativa permea toda a faixa. É uma canção que tem seu peso, mas também  bem “dançável". Logo em seguida vem uma música que já é “velha conhecida” dos fãs do Arctic Monkeys. “R U Mine” foi lançada inicialmente em 2012 como um single especial para o “Record Store Day”. Fez tanto sucesso que acabou sendo incluída no novo trabalho. Essa foi outra canção que me conquistou logo de cara com seu riff pegajoso e refrão com vocalização em falsete, técnica que vem sendo cada vez mais utilizada nas composições da banda.


A terceira faixa, “One For the Road”, tem um ritmo mais cadenciado que as anteriores e é seguida por “Arabella”, onde as guitarras pesadas aparecem novamente e fazem todo mundo que a ouve pela primeira vez lembrar automaticamente de “War Pigs”, do Black Sabbath. Sim! Black Sabbath! Há quem diga que ficou uma imitação descarada. Ok. Lembra muito! Mas, no geral, a música ficou boa e é, sem dúvida, um dos destaques do LP.

A partir daí , “AM” começa uma derrocada que eu não esperava. O rock básico “I Want it All” talvez seja o último realmente bom momento do álbum. Mais uma vez vemos os vocais em falsete - lembrando inclusive Dan Auerbach do The Black Keys em “Everlasting Light” - que dão um toque interessante a canção. Mas na sequência vem as baladas “No. 1 Party Anthem” e “Mad Sounds”. Ambas fracas, não chegam aos pés da belíssima “Cornerstone”, do álbum  “Humbug”.

Das últimas quatro canções, a única que se salva é “Why’d You Only Call Me When You’re High?”. Bem divertida e certamente a mais dançante de “AM” (vale a pena conferir o divertido videoclipe feito para a faixa). As outras três são tentativas exageradas dos caras de fazer um som diferente de tudo que haviam feito até então. Nem a participação de Josh Homme (do Queens of The Stone Age) em “Knee Socks” ajuda a tornar esta parte final do álbum mais interessante. Em todas elas a pegada “groovy” continua, mas a banda esbarra na falta de uma maior experiência na área do “dance rock”. Por isso o que se vê são canções “inofensivas” que carecem da energia que sobra em grupos especialistas no estilo como Bloc Party e Franz Ferdinand.


Depois de uma teimosia que durou alguns anos, eu finalmente parei de comparar os álbuns mais recentes do Arctic Monkeys com seu primeiro e ultra-bem-sucedido disco de estreia  - “Whatever Peaple Say I Am, That’s What I’m Not”- . Eu entendo que em 2006 eles mal haviam saído da adolescência e, a partir dali, eles certamente amadureceriam e evoluiriam musicalmente, como aconteceu com o Silverchair, por exemplo, e tem acontecido com eles mesmos. Mas talvez até evolução musical tenha limite. Na ânsia por compor canções, digamos, diferenciadas, o grupo acabou criando um álbum que tem um grande “gap de qualidade”. É possível encontrar em “AM” músicas fantásticas que já se encaixam perfeitamente com o resto do repertório dessa “jovem banda veterana” e, ao mesmo tempo, músicas que se perdem no afã de dar um passo adiante, musicalmente falando.

Apesar da minha decepção com talvez quarenta porcento deste LP, uma vantagem ele tem em relação ao seu desanimado antecessor. Eu não deverei pensar duas vezes antes adquiri-lo assim que chegar às lojas por aqui. Isso é pra vocês terem uma ideia do tamanho da disparidade entre suas músicas. Eu gostei deste disco quase tanto quanto desgostei. Se é que isso é possível. A verdade é que eu sou fã do Arctic Monkeys o suficiente para que eu ainda suporte mais alguns álbuns irregulares nos próximos anos. 





4 comentários:

  1. Bandinha meia boca ctrl c ctrl v de garage ou outra coisa das décadas passadas, pop estranho e superestimado, como todas as bandas do gênero..

    Ruim dimais, rock de mulhersinha feia

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    1. Respeito sua opinião em parte, cara. Concordo que este álbum realmente foi superestimado. Valeu por conferir o blog!!

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  2. Fábio Caetano, tudo bem?

    Gostei muito do seu texto. Complementa, com mais detalhes, o que escrevi no meu texto (creio que você tenha lido o meu no Whiplash, certo?). Acho que tivemos um olhar mais distante do trabalho, pois até agora só vi comentários de fãs ferrenhos da banda. Essa é a meta de um crítico musical.

    A segunda metade do álbum é chata. E nunca vou me cansar de comparar qualquer trabalho deles com o primeiro, pois ali eles evoluíram com um estilo que pra mim estava estagnado, que é o indie rock. Não acho que deveriam ter desistido tão rápido de praticar aquele tipo de som, para partir para evoluções muito técnicas porém pouco qualitativas no futuro. Nem sempre "evolução" é bem-vinda.

    Estou lendo outros textos também. Grande abraço e continue o bom trabalho!
    Abs,

    Igor Miranda
    @silvercm
    igormiranda93@gmail.com

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    1. Fala, Igor! Só agora vi que tinha comentário para esse texto...hehe. Liberei para publicação agora a pouco.
      Poxa....que bom que vc curtiu, cara! Resolvi comentar o seu texto lá no Whiplash por realmente termos analisado o álbum de forma parecida.
      Bacana que vc deu uma olhada nos outros textos também. Vc tem algum blog também, além de escrever no Whiplash?
      Abraço e muito obrigado pelo apoio!

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