Arctic Monkeys: evolução musical tem limite?
E lá vou eu para mais um review de um álbum
da banda Arctic Monkeys. Este é o terceiro álbum deste grupo britânico que eu
humildemente analiso. O primeiro foi o surpreendente “Humbug” de 2009. Depois
veio o excessivamente leve “Suck it And See”, de 2011. Agora é a vez de “AM”
lançado no último dia 9 de setembro.
O título do trabalho é simples, mas o
“approach” de Alex Turner e seus parceiros é pra lá de ousado. “AM” é puro
groove. Isso mesmo. O próprio vocalista da banda declarou em entrevista à
revista inglesa New Musical Express há alguns meses que o novo trabalho do
Arctic Monkeys teria uma pegada hip hop (!!!). Acho que ele quis dizer que
seria uma coleção de canções feitas para dançar. Isso quer dizer então que é um
disco divertido e agradável de se ouvir? Hmmm...mais ou menos.
O começo é arrebatador. A faixa inicial e
primeiro single lançado, “Do I Wanna Know”, simplesmente não sai da minha
cabeça. Um riff esperto que casa perfeitamente com uma linha vocal igualmente
criativa permea toda a faixa. É uma canção que tem seu peso, mas também bem “dançável". Logo em seguida vem uma
música que já é “velha conhecida” dos fãs do Arctic Monkeys. “R U Mine” foi
lançada inicialmente em 2012 como um single especial para o “Record Store Day”.
Fez tanto sucesso que acabou sendo incluída no novo trabalho. Essa foi outra
canção que me conquistou logo de cara com seu riff pegajoso e refrão com
vocalização em falsete, técnica que vem sendo cada vez mais utilizada nas
composições da banda.
A terceira faixa, “One For the Road”, tem
um ritmo mais cadenciado que as anteriores e é seguida por “Arabella”, onde as
guitarras pesadas aparecem novamente e fazem todo mundo que a ouve pela
primeira vez lembrar automaticamente de “War Pigs”, do Black Sabbath. Sim!
Black Sabbath! Há quem diga que ficou uma imitação descarada. Ok. Lembra muito!
Mas, no geral, a música ficou boa e é, sem dúvida, um dos destaques do LP.
A partir daí , “AM” começa uma derrocada
que eu não esperava. O rock básico “I Want it All” talvez seja o último
realmente bom momento do álbum. Mais uma vez vemos os vocais em falsete -
lembrando inclusive Dan Auerbach do The Black Keys em “Everlasting Light” - que dão
um toque interessante a canção. Mas na sequência vem as baladas “No. 1 Party
Anthem” e “Mad Sounds”. Ambas fracas, não chegam aos pés da belíssima
“Cornerstone”, do álbum “Humbug”.
Das últimas quatro canções, a única que se
salva é “Why’d You Only Call Me When You’re High?”. Bem divertida e certamente
a mais dançante de “AM” (vale a pena conferir o divertido videoclipe feito para
a faixa). As outras três são tentativas exageradas dos caras de fazer um som
diferente de tudo que haviam feito até então. Nem a participação de Josh Homme
(do Queens of The Stone Age) em “Knee Socks” ajuda a tornar esta parte final do
álbum mais interessante. Em todas elas a pegada “groovy” continua, mas a banda
esbarra na falta de uma maior experiência na área do “dance rock”. Por isso o
que se vê são canções “inofensivas” que carecem da energia que sobra em grupos
especialistas no estilo como Bloc Party e Franz Ferdinand.
Depois de uma teimosia que durou alguns
anos, eu finalmente parei de comparar os álbuns mais recentes do Arctic Monkeys
com seu primeiro e ultra-bem-sucedido disco de estreia - “Whatever Peaple Say I Am, That’s What I’m
Not”- . Eu entendo que em 2006 eles mal haviam saído da adolescência e, a
partir dali, eles certamente amadureceriam e evoluiriam musicalmente, como
aconteceu com o Silverchair, por exemplo, e tem acontecido com eles mesmos. Mas talvez até
evolução musical tenha limite. Na ânsia por compor canções, digamos,
diferenciadas, o grupo acabou criando um álbum que tem um grande “gap de
qualidade”. É possível encontrar em “AM” músicas fantásticas que já se encaixam
perfeitamente com o resto do repertório dessa “jovem banda veterana” e, ao
mesmo tempo, músicas que se perdem no afã de dar um passo adiante, musicalmente
falando.
Apesar da minha decepção com talvez
quarenta porcento deste LP, uma vantagem ele tem em relação ao seu desanimado
antecessor. Eu não deverei pensar duas vezes antes adquiri-lo assim que chegar
às lojas por aqui. Isso é pra vocês terem uma ideia do tamanho da disparidade
entre suas músicas. Eu gostei deste disco quase tanto quanto desgostei. Se é
que isso é possível. A verdade é que eu sou fã do Arctic Monkeys o suficiente
para que eu ainda suporte mais alguns álbuns irregulares nos próximos anos.
Bandinha meia boca ctrl c ctrl v de garage ou outra coisa das décadas passadas, pop estranho e superestimado, como todas as bandas do gênero..
ResponderExcluirRuim dimais, rock de mulhersinha feia
Respeito sua opinião em parte, cara. Concordo que este álbum realmente foi superestimado. Valeu por conferir o blog!!
ExcluirFábio Caetano, tudo bem?
ResponderExcluirGostei muito do seu texto. Complementa, com mais detalhes, o que escrevi no meu texto (creio que você tenha lido o meu no Whiplash, certo?). Acho que tivemos um olhar mais distante do trabalho, pois até agora só vi comentários de fãs ferrenhos da banda. Essa é a meta de um crítico musical.
A segunda metade do álbum é chata. E nunca vou me cansar de comparar qualquer trabalho deles com o primeiro, pois ali eles evoluíram com um estilo que pra mim estava estagnado, que é o indie rock. Não acho que deveriam ter desistido tão rápido de praticar aquele tipo de som, para partir para evoluções muito técnicas porém pouco qualitativas no futuro. Nem sempre "evolução" é bem-vinda.
Estou lendo outros textos também. Grande abraço e continue o bom trabalho!
Abs,
Igor Miranda
@silvercm
igormiranda93@gmail.com
Fala, Igor! Só agora vi que tinha comentário para esse texto...hehe. Liberei para publicação agora a pouco.
ExcluirPoxa....que bom que vc curtiu, cara! Resolvi comentar o seu texto lá no Whiplash por realmente termos analisado o álbum de forma parecida.
Bacana que vc deu uma olhada nos outros textos também. Vc tem algum blog também, além de escrever no Whiplash?
Abraço e muito obrigado pelo apoio!