Rock in Rio 2013. Salvo pelo metal!
Que o Rock
In Rio não faz jus ao seu nome todo mundo sabe. Desde a segunda edição, há mais
de 20 anos, isso já ficou bem claro quando o line up teve representantes
típicos da música pop como George Michael e New Kids On the Block. Na verdade,
nem vou discutir muito essa questão. O “dono da bola”, Roberto Medina, percebeu
logo de cara que, se o festival re restringisse ao rock, fatalmente não alcançaria
seu objetivo de atrair todo tipo de público para o evento e ingressos esgotados
todos os dias gerando um lucro bem polpudo. Se ele está certo ou não, essa é
uma outra discussão. Medina não é um Perry Farrell da vida. Nunca teve banda.
Ele certamente deve gostar de música mas, antes disso, ele é um empresário. Portanto,
tudo isso faz sentido.
Com o
passar dos anos, como vocês bem sabem, o Rock in Rio foi se distanciando do seu
lugar de origem. Várias edições foram realizadas em Lisboa e Madrid e, nas
poucas edições nacionais, a programaçaão continuava recheada de aritstas dos
mais variados estilos. Mas a noite do metal (ou apenas rock, se você preferir)
sempre teve seu lugar cativo. E não é para menos. Em todos os RIR ocorridos no
Brasil, os shows mais marcantes sempre foram os de rock. Foi assim na primeira
edição em 85 com Queen e AC/DC, em 91 com o Guns N’ Roses, em 2001 com Iron
Maiden e Foo Fighters, e ano retrasado com Metallica e Slipknot. E não é que
isso se repetiu este ano?
Na minha
humilde opinião, a programação do Rock In Rio deste ano foi decepcionante. Mesmo
tirando as atrações que realmente não combinam com meu gosto musical, sobrou pouca
coisa que realmente me interessasse. A princípio, os únicos shows que eu fazia
questão de ver do início ao fim eram, em ordem cronológica, Alicia Keys, The
Offspring, Muse, Metallica, Slayer e Iron Maiden. Convenhamos, muito pouco para
um festival que teve mais de 80 apresentações nos palcos principais, Mundo e
Sunset.
Desses
shows que eu mencionei, de fato gostei de todos. Mas quem me conhece já pode
imaginar que considerei Metallica e Iron Maiden como os grandes destaques. As
duas bandas são verdadeiros ícones do heavy metal. Mesmo quem não é fã do
estilo sabe que não é nada incomum ver por aí homens, garotos e mulheres envergando
com orgulho sua camiseta (surrada ou mais nova) de uma ou de outra. Metallica e
Iron Maiden são o protótipo do metaleiro comum. São sinônimos de um gênero
musical que tem em seus fãs um verdadeiro exército que segue seus ídolos de
forma fiel e duradoura. Portanto, não é de se espantar que o show desses dois grupos
tenham sido de excelente qualidade.
A banda
norte-americana liderada pela dupla James Hetfield (guitarra e vocal) e Lars
Ulrich (bateria) se apresentou na segunda semana do festival e logo de cara
mandou “Hit the Lights”. Mais adiante, seguiu surpreendendo boa parte dos seus
fãs incluindo no setlist faixas não muito comuns como “Holier Than Thou” e
“...And Justice For All”. O encerramento já tradicional ficou por conta de
“Seek And Destroy”, música de maior destaque do primeiro álbum dos caras que completa
trinta anos agora em 2013.
Coube aos
ainda mais veteranos do metal, os britânicos do Iron Maiden, encerrar o Rock In
Rio 5. Cerca de deza anos mais velhos que os integrantes do Metallica, os
integrantes do Maiden mais uma vez esbanjaram energia em cima do palco. É
desnecessário dizer que o vocalista Bruce Dickinson teve o público em suas mãos durante toda a
perfomance. Inteligentemente, a banda capitaneada pelo baixista e letrista
Steve Harris mesclou seu repertório com canções mais corriqueiras nos shows do
grupo como “The Number of the Beast”, “2 Minutes to Midnight” e “Fear of The
Dark”, com canções não menos clássicas mas menos executadas como “The
Prisoner”, “Phantom of the Opera” e
“Afraid to Shoot Strangers”. Mais uma apresentação impecável da “Donzela
de Ferro” para satisfação total das cerca de 80 mil pessoas presentes na Cidade
do Rock.
Eu não
posso ignorar que outros shows fizeram sucesso durante o festival. Os fãs de
Bruce Springsteen (que fez um show com quase três horas e duração) e de Bon
Jovi (que eu fiz questão de não assistir um segundo sequer) provavelmente não
tiveram nada do que reclamar. O mesmo se aplica a Justin Timberlake e John
Mayer, por exemplo.
O fato é
que, talvez com excessão a Springsteen, por tudo que foi comentado pela
imprensa ou pelo que dei uma sapeada aqui e ali, nenhum outro show fora os dois
que comentei com mais entusiasmo neste texto foi capaz de marcar a história do
Rock In Rio. Faço questão de ressaltar mais uma vez que não acredito que o Rock
In Rio devesse ser um festival estritamente de rock. É justamente por isso que
hoje há espaço para o indie rock, através do Lollapalooza, para o metal, com o
retorno do Monsters of Rock, e assim por diante.
De qualquer
forma, só pelo tanto de vezes que ouvi de várias pessoas no meu trabalho a
seguinte pergunta: “nossa...você viu o show do Metallica ontem?”, ficou mais do
que evidente que o metal salvou o Rock in Rio 2013.