Uno!, Dos!, Tré!. A fase mais complicada do Green Day
Há quase sete meses o Green Day dava início ao lançamento de sua trilogia
denominada “Uno!”, “Dos!”, “Tré!”. Seria na verdade um álbum triplo, mas que
chegaria ao público separadamente, em um intervalo de cinco meses.
O primeiro
deles, como o nome claramente já diz, “Uno”, foi lançado em setembro do ano
passado e, logo em seguida, teve sua review publicada neste blog. Na minha
humilde opinião, avaliei o trabalho como apenas mediano e aquém das
expectativas que tinha antes de ouvi-lo. Deixei aberta, porém, a possibilidade
de os caras “virarem” o jogo nos álbuns “Dos!” e “Tré!”, que seriam lançados
respectivamente em novembro e janeiro.
Pois bem.
Quando tive a chance de ouvir “Dos!”, torcendo para que fosse um disco superior
ao seu antecessor, mais uma vez me decepcionei. Tanto é que acabei nem
escrevendo uma crítica do álbum na época que chegou às lojas. Desanimei. Adiei
este texto várias vezes em detrimento de outros temas que me empolgaram mais.
Agora
resolvi não adiar mais. Vou falar sobre “Dos!” e “Tré!”. No fim das contas
acabou até sendo uma boa porque esse período de lançamento dos novos álbuns do
Green Day lamentavelmente foi preenchido por muita turbulência envolvendo os pop-punkers
da Califórnia. Ou seja, agora tenho assunto acumulado para tratar por aqui.
Com relação
a segunda parte da trilogia, o que posso dizer é que o disco pouco se difere de
“Uno”. Há canções que lembram um pouco o Green Day do final dos anos 90 como
“Makeout Party”, “Ashley” e “Stray Heart”, primeiro single
do cd. Estão presentes também faixas que remetem ao “alter-ego” da banda,
Foxboro Hotubs, ou seja, influenciadas por rock sessentista. São os casos de
“F*ck Time” (que abre o disco após uma breve introdução) e “Stop When the Red
Lights Flash”.
As músicas
mais diferenciadas do cd são “Nightlife”, mais uma tentativa de dance rock que
já não havia dado certo em “Uno!”, e a balada meio bossa nova que encerra os
trabalhos, “Amy”. Como o nome já indica, uma canção em homenagem a cantora Amy Winehouse, morta em 2011.
Numa
avaliação geral, “Dos” é um álbum que não empolga muito. Até existem alguns
momentos mais agitados, mas ouvindo uma faixa atrás da outra, você fica com a
sensação que o disco vai embalar, mas isso nunca acontece. Uma pena.
Para piorar
a situação, o vocalista e guitarrista Billie Joe Armostrong, logo no início da
turnê da trilogia, ainda em setembro, teve que ser internado em uma clínica de
reabilitação, ao que se sabe, por uso abusivo de
medicamentos. O fato obviamente destruiu os planos da banda de excursionar para
promover os novos discos. Várias datas de shows foram adiadas ou canceladas.
Para tentar amenizar esse baita revés, o jeito foi antecipar o lançamento de
“Tré!”. O álbum que sairia somente em janeiro deste ano, acabou vendo a luz do dia
oficialmente ainda em dezembro do ano passado. O vazamento das músicas do disco
na internet também contribuiu para que isso ocorresse.
Com “Tré!”
vinha a chance do Green Day fechar bem a trilogia e se recuperar dos tropeços
de “Uno!” e “Dos!”. Pois bem. Até que deu certo. Não sei se a ideia da banda
era deixar o melhor para o final ou se foi apenas uma coincidência. O fato é
que o nível das canções melhorou. As faixas soam com mais pegada que as
anteriores. Nada que chegue muito perto do estilo dos primeiros quatro discos
dos caras, mas deu pra lembrar bastante dos bons momentos dos álbuns “Nimrod”
(1997) e “Warning” (2000).
As músicas
que mais me agradaram foram “8th Avenue”, “Sex, Drugs and Violence”, que conta
até com uma participação no vocal do baixista Mike Dirnt, além de “A Little Boy
Named Train” e “Amanda”. Essa sequência, na verdade, foi a que elevou o nível do
álbum. Todos os integrantes de destacam. Tré Cool desfila algumas viradas de
bateria bem interessantes e alguns solos de guitarra de Billie Joe e do membro mais
recente do grupo, Jason White, abrilhantam as canções.
Mas o
grande destaque de “Tré!” ficou por conta da música “Dirty Rotten Bastards”.
Apesar de longa, cerca de seis minutos de duração, tem a energia que se espera
do Green Day. Ela começa meio lenta e parece que vai ser apenas uma balada insossa, Mas logo a bateria acelera e torna a música
muito mais interessante que todas as outras do cd. Lá pelas tantas, até um solo
de baixo aparece para dar mais qualidade ainda a faixa. Sem medo de errar,
posso dizer que é a melhor música de toda a trilogia, que acabou sendo
incluída, digamos, naquele que foi mais agradável dos três álbuns.
Se for pra
fazer uma avaliação geral de “Uno!”, “Dos!” e “Tré!”, infelizmente digo que foi
uma decepção. Foi uma sensação ruim chegar em uma loja, ver esses cds nas
prateleiras e não sentir a menor vontade de comprar nenhum deles. Muito
diferente do que acontecia até alguns anos atrás, quando eu comprava qualquer
álbum do Green Day de olhos fechados.
Passada
toda essa tormenta, vamos ver como a banda se sai daqui pra frente. Billie Joe
saiu da reabilitação recentemente e os shows adiados já começam a ser
reagendados. Inclusive, os caras foram escolhidos para serem um dos headliners
do tradicional Reading/Leeds Festival, na Inglaterra, a ser realizado durante o
verão europeu.
Deve ser
muito difícil para uma banda se manter relevante por tanto tempo. O Green Day
começou como uma banda punk underground no final
dos anos oitenta, atingiu o auge com seu terceiro álbum “Dookie” (1994),
manteve um desempenho apenas mediano durante alguns anos e mais uma vez
explodiu em popularidade com “American Idiot” (2004). Eu fico imaginando o que
os integrantes da banda ficam pensando cada vez que entram em estúdio para
compor um novo trabalho. Devem ficar matutando muito para saber que direção
tomar e o que fazer para continuar chamando atenção do público e da mídia. Ou
talvez não. Talvez eles estejam apenas
preocupados em compor músicas naturalmente sem se preocupar se vão estourar nas
paradas. Só perguntando pra eles para saber qual é a verdade.
O fato é
que o Green Day de hoje, para mim, deixa a desejar. Com certeza vou continuar
de olho na banda. Acompanhei os caras por tantos anos que eu acharia injusto
simplesmente desencanar de vez. Fica a expectativa de que possam entrar nos
trilhos novamente. Fazendo uma analogia com uma frase típica do meio
futebolístico, “ninguém desaprende a jogar bola”. Ou seja, quem nasceu craque,
vai continuar craque. O Green Day ainda deve ter alguns anos de carreira pela
frente. Por isso, a qualquer momento, podemos ver o grupo competente mais uma
vez. Potencial não falta. É aguardar pra ver.
Fabio!!! Sai da IBM e já pra Rolling Stones!!! Bá
ResponderExcluirque avaliação cu amg
ResponderExcluirTranquilo, fera! Valeu a visita ao blog de qualquer forma!
ExcluirBlog foda pra pakas ...
ResponderExcluirQue bom que curtiu, cara! Siga acompanhando! Valeu!!
Excluir