Novo álbum do QOTSA agrada, mas economiza no peso
No segundo dia da edição brasileira do
festival Lollapalooza, realizado este ano, o show mais impactante foi o do
Queens of the Stone Age. A banda liderada
pelo gênio Josh Homme entregou ao público uma performance destruidora e este
devolveu o presente em forma de muito entusiasmo e ovação ao final da
apresentação.
Este show foi o primeiro do QOTSA depois de
uma longa pausa que incluiu a produção de um álbum novo. As grandes novidades
foram as estreias do novo baterista, o ex-Mars Volta Jon Theodore, e de uma canção nova chamada “My God is the Sun”. E que música! Uma porrada típica
deste grupo californiano. Pesada, mas não tão rápida. Suja, mas tecnicamente
quase perfeita. Isso só me fez crer que, dali a alguns meses, os fãs teriam nas
mãos mais uma obra-prima talhada por Josh Homme e seus comparsas. Bem. Foi
quase isso.
No dia 3 de junho, finalmente foi lançado o
aguardadíssimo “...Like Clockwork”. Sexto disco da carreira do Queens, que
sucedeu após longos seis anos o trabalho anterior “Era Vulgaris”. Ainda não lançado no Brasil, faz apenas
alguns dias que eu consegui ouvir o álbum do início ao fim. À primeira audição,
“...Like Clockwork” me causou certa estranheza. Não que isso seja exatamente
uma novidade. Já que este grupo, em quase todos os seus discos (uns mais que
outros), carrega nos arranjos intrincados, jams, interlúdios, etc.
Acontece que, mesmo ciente disso, para o
meu gosto pessoal, o disco saiu mais experimental do que eu imaginava. Talvez
empolgado com a pegada de “My God is the Sun” eu esperava um álbum baseado
nessa linha mais agressiva. Mas o que se vê em quase todas as faixas é um clima
mais ameno, alternando com passagens mais “violentas”. Músicas como “Keep Your
Eyes Peeled” e “The Vampyre of Time and Memory” são exemplos claros dessa
tendência do álbum.
O vocalista, gutarrista e produtor Josh
Homme sempre costuma chamar alguns artistas/amigos para participar de seus
trabalhos. É notória por exemplo a
participação de Dave Grohl na bateria e de Mark Lanegan nos vocais do
espetacular disco “Songs For the Deaf”, de 2002. Mas em “…Like Clockwork” ele formou
uma verdadeira constelação. Elton John, Trent Reznor, Alex Turner (vocalista do
Arctic Monkeys), Nick Oliveri (ex-baixista do próprio QOTSA) e, mais uma vez, seu
eterno parceiro Dave Grohl são os principais nomes.
Entretanto,a faixa “If I Had a Tail”,
que reuniu o power trio de luxo Turner, Olivieri e Grohl, causou uma certa decepção.
A canção é cadenciada demais. Eu esperava mais peso do começo ao fim, mas isso
só acontece na parte final. Uma pena, pois estava ansioso para ouvir Homme e
Alex Turner dividindo os vocais.
Já a faixa “Kalopsia”, que conta com o
líder do Nine Inch Nails, Trent Reznor, não supreeendeu pela sua estranheza.
Ela alterna partes bem calmas com outras bem pesadas, que agradaram muito
mais. Como diria Beavis (da dupla do desenho animado politicamente incorreto
Beavis and Butt-Head), por que eles não tocam a parte legal o tempo todo?
Enfim...
As músicas que, ao meu ver, realmente se destatacam neste
disco são as mais agitadas como “I Sat By the Ocean”, “Smooth Sailing”, “I
Appear Missing”, além da já citada “My God is the Sun”, certamente
a melhor do disco. Mas uma canção que faz parte da porção mais lenta do álbum acabou chamou muito a atenção. “Fairweather Friends” conta com o piano fantástico
de Elton John, deixando o arranjo da música ainda mais rico. O vocal impecável
de Josh Homme contribui para fazer dela um dos pontos altos de “...Like Clockwork”
que é encerrado com a monótona e esquecível faixa-título.
No fim das contas, “...Like Clockwork” é um
bom disco de rock. Muito bem prioduzido por Homme, com arranjos intrigantes e
rebuscados, como praticamente todo o repertório do QOTSA. Mas ficou aquela leve
decepção por faltar um pouco de “sujeira” e peso, que também são elementos
cruciais nas músicas do grupo.
Conversando com um amigo que gostou muito
do álbum, concluí que esse é mais um daqueles casos que temos que ouvir o disco
algumas vezes para “entendê-lo” melhor com o passar do tempo. Definitivamente
não é uma coleção de músicas que te causam impacto logo de cara. Esse é o tipo
de álbum mais para se admirar do que para “bater cabeça”, por exemplo. Por isso
classifico este LP como um dos bons momentos da carreira do grupo, mas que não
ameaça o posto de melhor disco do repertório dos caras, que ainda é ocupado de
forma soberana pelo já mencionado “Songs For the Deaf”. Mas eu vou continuar
escutando-o mesmo assim. Afinal, por todos os bons serviços prestados ao rock durante tantos anos, Josh Homme e suas estrelas tem crédito de sobra.
Clique aqui para ouvir "My God Is he Sun"
Clique aqui para ouvir "Fairweather Friends"
Clique aqui para ouvir "Keep Your Eyes Peeled"
Fabião, meu irmão. Procurei por ti e achei seu blog. Mega saudade. Abs, PH
ResponderExcluirNossa! Não acredito! Tava tentando entrar em contato com vc esse dias! Que massa vc ter achado o blog!! Saudade, irmão! Abraço!
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