Black Sabbath: os pais do metal estão de
volta
Foram quase 35 anos de espera. Precisamente
no dia 28 de setembro de 1978, a banda pioneira de heavy metal lançava “Never
Say Die!”, o álbum que seria o último com a formação original até então.
Durante este longo período dezenas de
músicos passaram pelo grupo. Só vocalistas foram sete! Apenas em duas
oportunidades os quatro membros fundadores do Black Sabbath haviam se reunido
até então. Em 1985, para uma apresentação isolada no festival Live Aid, e doze
anos depois, quando efetivamente saíram em turnê e gravaram um disco ao vivo
que incluiu uma única faixa inédita chamada “Psycho Man”.
Mas foi apenas agora no ano de 2013 que o
sonho de muitos fãs finalmente se tornou realidade. O Black Sabbath acaba de
lança hoje “13”, o décimo nono trabalho da longa carreira de 45 anos do grupo e
o primeiro com Ozzy Osbourne nos vocais
depois de mais de três décadas. O disco foi liberado para audição em streaming
no iTunes poucos dias antes do seu lançamento. E o que eu
ouvi foi uma verdadeira obra prima da música pesada.
O Sabbath sempre foi uma banda marcada por
suas letras polêmicas. Em várias músicas Ozzy aborda de forma ousada a relação
entre o homem, Deus e o diabo. Em razão disso, muitos rotularam o Black Sabbath
como uma banda satanista. Algo veementemente negado pelos seus membros.
Eu me lembro de ter ficado bem espantado
quando ainda era moleque e ouvi pela primeira vez a música “Black Sabbath”, do
primeiro disco dos caras, na versão gravada pela banda Type O Negative para o
tributo “Nativity In Black”. Mas havia mais do que letras assustadoras. Os
britânicos não raramente tratavam também de temas políticos e guerras. Talvez o
maior exemplo disso seja a música “War Pigs”, do álbum “Paranoid”, que fala sobre
generais que se reúnem para planejar como vão massacrar a população mundial.
Mas voltemos ao novo álbum. “13” inicia
como um típico álbum do Sabbath. Uma introdução bem fúnebre estabelece o clima
perfeito para a primeira faixa “End of the Beginning”. Esta faixa de abertura mostra
o tom do que vem a ser praticamente todo o disco: os riffs de guitarra
matadores de Tony Iommi, muito bem acompanhados pelo pulsante baixo de Geezer
Butler. Na bateria se destaca o “jovem” Brad Wilk. Sim. Ele mesmo. O responsável
pelas baquetas do Rage Against the Machine tocou bateria em “13” depois que o
“titular” da posição, Bill Ward, resolveu pular fora deste retorno devido a
discordâncias com o contrato firmado para este novo projeto. Brad se encaixou
perfeitamente com o resto do grupo e fez um trabalho digno de nota, mostrando
uma técnica que não chegamos a ver na sua banda principal.
A segunda música do cd é “God is Dead?”.
Esta canção já nasceu polêmica por motivos óbvios. O título desafiador serve
para ilustrar do que se trata letra. Nela Geezer questiona o caos que o mundo
vive e hoje e, em desespero, vocifera no refrão: “I don’t believe that God is
dead! God is dead?”. Musicalmente, esta faixa começa um pouco mais cadenciada e
vai crescendo ao longo de seus quase nove minutos de duração. É o primeiro
single do álbum e foi muito bem escolhido. Confesso que fiquei de boca aberta
quando ouvi pela primeira vez.
Na sequência vem “Loner”. Uma música que
faz cair um pouco o nível de excelência de “13”, mas que não chega a ser ruim.
Não sei se foi impressão minha, mas o riff principal me lembra muito o de “N.I.B”, canção do homônimo disco de estreia da banda. Já “Zeitgeist” é a “irmã gêmea” de “Planet Caravan”, do disco “Paranoid”. Ou seja, uma
balada bem tranqüila com uma base composta por violão e percussão minimalista.
A metade final de “13” traz como grande
destaque a faixa “Live Forever”. Certamente é a mais pesada de todo o disco e
conta com um solo fantástico de Iommi. “Age of Reason” é apenas razoável e a
dupla “Damaged Soul” e “Dear Father” encerram o cd de forma brilhante. Ao final
desta última, para mais uma vez nos passar aquele clima de filme de terror,
surgem sons de um sino de igreja, chuva e trovões. Assustador e magnífico ao
mesmo tempo.
No fim das contas, “13” é um excelente
álbum de metal, que segue a antiga fórmula que os fãs aprenderam a gostar há
muitos anos e que influenciou várias bandas do gênero, desde o poderoso
Metallica até o obscuro Corrosion of Conformity.
É claro que a roupagem dada as canções não
é a mesma de 40 anos atrás. O toque de modernidade, sem tirar a essência do
Black Sabbath, foi dado por ninguém menos que Rick Rubin. Um produtor
que, na minha humilde opinião, é um dos melhores produtores musicais da história. Só ele mesmo para contribuir
fundamentalmente com um trabalho excelente e que eu tenho certeza que vai de
encontro ao anseio de tantos “metaleiros” que aguardaram longamente mais uma
pérola dos pais do metal.
Estes mesmos metaleiros terão a preciosa
chance de ver o Black Sabbath ao vivo aqui no Brasil, no mês de outubro, quando
a banda se apresentará nas cidades de Porto Alegre, São Paulo e Rio de
Janeiro. Portanto, prepare seu bolso e
separe sua camiseta preta para participar de uma grande celebração do mais puro
heavy metal.
Eu estava pensando em nao ir no show deles devido ao preço abusivo do ingresso, mas depois de escutar esse cd eu estou pensando seriamente em comprar o meu ingresso para o show.
ResponderExcluirOlha...eu diria que estou na mesma situação que vc...tomara que eu consiga it!
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