Se existe
um hábito que eu não abandono é o de assistir a videoclipes. Nos áureos tempos da MTV, foram vários os
artistas que descobri através desta poderosa ferramenta de divulgação de um
artista. Se a emissora praticamente aboliu os clipes de sua programação, pelo
menos ainda tenho os canais fechados Multishow, Bis e VH1 para satisfazer essa
minha necessidade interminável. Pois bem. Foi em uma dessas minhas “caças” por
música de qualidade que, depois de muito tempo, eu acabei descobrindo um grande
talento do blues: Gary Clark Jr.
Como já coloquei
em um texto que escrevi alguns meses atrás, o blues começou a me atrair
recentemente. Pouco a pouco vou me familiarizando mais com o gênero e
descobrindo alguns de seus representantes. Até então só havia me ligado em
feras do passado como Otis Redding e Sam Cook, mas foi vendo o videoclipe da
música “Bright Lights” que passei a conhecer uma revelação do blues
norte-americano.
Gary Clark
Jr., nascido há 28 anos na cidade de Austin, no estado do Texas, é um cantor e
guitarrista que faz um som híbrido de blues antigo, rock e R&B. Toda essa
mistura torna sua música algo extremamente agradável de ouvir. É acessível como
o pop (no bom sentido do termo),
mas mantém presente a raiz do blues tradicional. Foi isso que automaticamente me
atraiu no som do cara.
A partir do
dia em que vi o clipe de “Bright Lights” comecei minha tradicional pesquisa
sobre a carreira de Gary Clark. Descobri que, além de cantor, ele também teve uma
breve experiência como ator ao participar do filme “Honeydripper” (sem título
em português) em que interpretou, como
na vida real, um jovem cantor de blues.
De volta a
parte musical, os primeiros registros em estúdio de Gary foram feitos através
de uma gravadora independente que lançou os álbuns “110” e “Worry No More”,
respectivamente em 2004 e 2008. Nesta época Gary era um artista totalmente
underground e pouco conhecido pelo grande público.
Foi somente
com o já citado single “Bright Lights”, lançado em 2010, ainda de forma
independente, dentro de um EP que levava o mesmo nome, que o rapaz finalmente
chamou a atenção de grandes gravadoras. A Warner Bros. foi mais esperta e
assinou com o cantor. Em seguida, outras versões do EP “Bright Lights” foram lançadas.
Uma delas foi adquirida por este que vos escreve. Desnecessário dizer que
“chapei” nas músicas. Além da faixa-título, o rock sessentista “Don’t Owe You A
Thing” e a performance acústica ao vivo de “When My Train Pulls In” são
magníficas.
Mas aquele
que pode ser considerado o álbum de estreia de Gary Clark Jr. foi lançado somente
agora em outubro deste ano. “Blak and Blu” é composto metade por canções da
fase independente do cantor e outra metade por canções inéditas escritas
especialmente para este cd. A exemplo de seus trabalhos anteriores, as faixas
seguem variando entre blues e rock e algumas ainda tem uma levada hip hop.
Infelizmente,
“Blak and Blu” ainda não tem previsão de lançamento no Brasil. Seria bom que
isso acontecesse logo porque no ano que vem, mais precisamente em março, Gary
Clark desembarca por aqui para se apresentar no palco alternativo do segundo
dia do festival Lollapalooza. Se você já comprou ingresso para este dia ou
ainda pretende fazê-lo, seria mais do que adequado ouvir o trabalho desta
grande revelação da música. Seria o estímulo ideal para acompanhar um show que
tem tudo para ser um dos destaques do evento.
Pra
encerrar, gostaria de deixar um alerta. Muita gente tem se referido a Gary
Clark Jr. como o “novo Jimi Hendrix”, “a
salvação do blues”, etc. Esqueçam! Podemos até fazer comparações pelo fato de o
cara provavelmente ter sido influenciado pelo eterno gênio da guitarra em suas
músicas. Mas paremos por aí. Vamos aproveitar essa ótima novidade pelo que ela
é de fato. Pode ser que agrade ou pode não ser nada de especial. Na minha
humilde opinião, é bom o suficiente para me sentir satisfeito por ter
encontrado mais um artista de alto nível e saber que, no meio desse mar de One
Direction, Lady Gaga e afins, dá pra encontrar coisa boa. Basta procurar.