Os cinco melhores álbuns de punk rock
Antes
de ser um estilo musical específico, o punk é (ou era) um estilo de vida. Para
alguns, surgiu em Londres, para outros, em Nova Iorque. O fato é que os
primeiros punks apareceram em meados dos anos 70, através da iniciativa de
jovens da classe trabalhadora que estavam insatisfeitos com o modo de vida da
época. Políticos corruptos, elite opressora e até a disco music, que reinava na
época, fez com que esses jovens resolvessem contestar a condição em que viviam.
Roupas rasgadas, brincos, cabelo moicano, etc. De todas as formas, o punk
queria expor sua rebeldia.
A
partir disso veio o punk rock, a vertente mais crua do rock’n roll. Inicialmente,
a técnica musical era relegada a segundo plano. O que interessava realmente era
atitude (dentro ou fora dos palcos) e as letras de protesto que ajudavam a
expressar a insatisfação dos punks com relação ao resto da sociedade.
Foi
difícil montar a lista final. Mas debatendo com alguns colegas sobre quem
poderia ou não estar entre os cinco eleitos, finalmente cheguei a uma decisão
justa, levando em consideração o voto de todos que contribuíram ao citar suas
obras preferidas de punk rock. Se você não conhece o estilo, use a lista como
dicas para se iniciar. Se você conhece e gosta então, hey, ho, let’s go!!
1º Ramones –
“Loco Live” – 1991
Quando se fala em punk rock,
quase que instantaneamente vem à cabeça o nome dessa banda nova iorquina. Os
Ramones são o grande símbolo e uma das primeiras bandas que surgiram do estilo.
Apesar do primeiro disco dos caras ser considerado um clássico, nesta lista
achamos mais justo colocar o álbum que retratava a essência dos Ramones: suas
performances ao vivo. As canções eram executadas quase que no dobro da
velocidade das versões de estúdio. Bastava o baixista Dee Dee Ramone
(posteriormente, CJ) gritar “one, two, three, four” para que começasse o caos
que é cada música dos caras. Por isso o álbum “Loco Live”, gravado num show em
Barcelona, foi merecidamente escolhido para ser o primeiro colocado deste top
5. Faixas de destaque:
“Blitzkrieg Bop”, “I Wanna Be Sedated” e “Pet Cemetary”.
Ah! Antes que eu me esqueça, a frase “hey,
ho, let’s go”, que eu citei na introdução desta lista, era o grande bordão dos
Ramones. Um verdadeiro grito de guerra da banda que encerrou suas atividades em
1996 e certamente deixou muita saudade.
2º Sex Pistols –
“Nevermind the Bollocks, Here’s The Sex Pistols” – 1977
Por mais que tenha recebido uma “forcinha”
extra do empresário Malcolm McLaren para emplacar, é inegável que a banda
britânica Sex Pistols foi fundamental para mostrar ao mundo todos os
ingredientes do que vinha a ser o punk rock. Atitude pra lá de debochada, letra
ácidas à cargo do Johnny Rotten e ainda por cima a presença do baixista Sid Vicious,
um maluco de carteirinha que se matou logo após assassinar sua então namorada.
Musicalmente falando, os Pistols faziam o punk rock mais cru possível. Seu
primeiro e único álbum de estúdio vai direto ao ponto. Canções como “Anarchy In
The UK”, “God Save The Queen” e “Pretty Vacant” dão o recado exato da proposta
da banda: meter a boca no mundo com muita rebeldia e ironia. Essa verdadeira
bomba relógio explodiu rapidamente e o Sex Pistols acabaram durando apenas três
anos (!!!). Eles até tentaram se reunir durante os anos 90 e 2000, mas não
obtiveram o mesmo impacto do final dos anos 70.
3º The Clash – “London Calling” – 1979
Como já foi dito nesta lista, o punk rock
é um estilo de música minimalista, de pouca técnica. Entretanto, o The Clash
surgiu justamente para mudar este paradigma. A atitude contestadora dos seus
integrantes e das letras de suas canções eram tipicamente punks, mas,
musicalmente, este grupo formado em Londres inovou totalmente. Nos seus
primeiros álbuns o punk rock predominava, mas já se via algo diferente com
relação às outras bandas do gênero. Mas foi com “London Calling”, seu terceiro
trabalho, que o Clash surpreendeu a todos com composições influenciadas por
reggae, R&B e rockabilly. Nem por isso deixaram de ser punks. Aliás, pelo
contrário. Com esta iniciativa eles mostraram que ser punk era justamente ir de
encontro ao óbvio e fazer o que realmente sentiam. Pela sua originalidade,
“London Calling” é considerado também um dos maiores discos da história do
rock. Destaque para a ótima faixa-título, “Clampdown”, “The Guns of Brixton” e
“Train In Vain”.
4º Dead Kennedys –
“Fresh Fruit for Rotten Vegetables” – 1980
Representantes da segunda geração do punk
rock norte-americano, o Dead Kennedys era uma das bandas com as letras mais agressivas
do gênero. O vocalista e ativista político Jello Biafra não tinha nenhum medo
de colocar o dedo na ferida dos problemas da sociedade americana da época.
“Fresh Fruit...” é o disco de estreia desta banda de San Franciso e apresenta
composições um pouco mais pesadas que as das bandas da geração que os
antecedeu. A pegada do grupo acabou influenciando inúmeros representantes do
estilo que surgiram durante os anos 80. O Dead Kennedys encerrou suas
atividades em 1986 e se reuniu em 2001, sem Jello Biafra, que acabou se
desentendendo com seus ex-companheiros. Algumas faixas de destaque de “Fresh
Fruit...” são: “Kill The Poor”, “California Uber Alles” e “Holiday In
Cambodia”.
5º Ratos de Porão – “Crucificados Pelo Sistema”
– 1984
O Brasil não poderia ficar de fora deste top 5. A
galera que me ajudou a montar a lista votou o suficiente para que o Ratos de
Porão pudesse ser nosso representante. O álbum “Crucificados Pelo Sistema” foi
o primeiro registro de estúdio da banda e já contava com a presença do vocalista
João Gordo na formação, substituindo o atual guitarrista Jão que, até então, desempenhava
a função de baterista. A estreia não poderia ter sido melhor. O Ratos, desde o
início compunha músicas extremamente pesadas, o que lhe rendeu o rótulo de
“crossover”. Ou seja, faziam um cruzamento de estilos. No caso, punk rock
com heavy metal. O título do disco já diz bem do que se tratavam as letras
escritas pelo então jovem João Gordo. Todas elas procuravam mostrar o quanto os
punks brasileiros se sentiam “crucificados” pelo sistema no qual estavam
inseridos. As principais faixas do álbum são “Agressão/Repressão”, “F.M.I.”,
além, é claro, da excelente faixa-título.
Outras excelentes bandas que receberam boa votação ou
pelo menos foram citadas são: Rancid, Bad Religion, Dead Boys, Anti-Flag, MC5,
Green Day, Replicantes, The Misfits e a coletânea brasileira “Ataque Sonoro”.